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A menina voltou a fazer gestos.
- Ela está apontando para o
caderno em cima do balcão. – alertou Edgar.
- Deve estar querendo escrever
algo. Vou pegar o caderno e a caneta.
Edgar lamentava não ter aprendido
linguagem de surdos e mudos. Esse tinha sido oferecido aos professores na
universidade e ele deixara para outro momento. Talvez agora fosse tarde demais.
Jonas voltou com o caderno e a
caneta e entregou para a menina. Ela escreveu nele e entregou e mostrou aos
dois:
- Sofia. – leu Jonas. Esse é o
nome dela.
Edgar voltou a entregar o caderno
para a menina.
- Onde você mora?
Mas a menina olhou-o, sem saber o
que fazer.
- É tudo que ela sabe escrever. –
concluiu Edgar. O próprio nome. Talvez ela saiba ler mais, mas tudo que
aprendeu a escrever foi o próprio nome. Se ao menos soubéssemos libras.
Jonas fez um gesto afirmativo com
a cabeça:
- Eu sei.
A menina fez um gesto apreensivo
para os dois.
- Ela está preocupada. Acha que
eles vão voltar.
- Ela tem razão. – concordou
Edgar. Não podemos ficar escondidos aqui para sempre. Precisamos tentar contato
com outras pessoas, descobrir se isso aconteceu em toda a cidade.
- Não consegui sintonizar nenhuma
estação no rádio. Estão todas fora do ar. A televisão também não funciona.
- Tentou ligar par alguém?
- Meu celular descarregou e não
tenho fixo.
Edgar sabia que seu celular estaria
com bateria. Sempre o desligava antes de dormir. Começara a fazer isso depois
que um aluno lhe ligou a uma da manhã para fazer uma pergunta sobre um
trabalho. Além disso, tinha o telefone fixo.
- Precisamos ir para minha casa.
Tenho telefone lá. Moro aqui perto.
Saíram em fila indiana, um atrás
do outro, por entre as prateleiras.
- Oh, não! – disse Jonas,
estancando. Voltem, rápido!
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