9
Jonas passou a mão pela testa.
Estava molhada de suor.
- O som mexia com as pessoas.
Aquela música ensurdecedora era... era como se as deixasse malucas. Uma das
vizinhas estava na frente da casa. Era uma senhora idosa, acho que a pessoa
mais amável que já conheci. Sabe o tipo vovozinha, querida por todos?
- Sei.
- Ela estava numa cadeira de
macarrão, fazendo tricô, quando o som passou. O netinho estava brincando ao
lado. Devia ter o que? Três anos? Quando o som começou a afetar as pessoas, ela
segurou o garotinho pela garganta e enfiou a agulha de tricô no olho dele. O
garoto começou a estrebuchar. Ela tirou a agulha e enfiou no outro olho.
- Sério?
- Sim. De repente, era como se
todo mundo ficasse louco. Parecia que todo mundo queria matar ou machucar
alguém.
- Mas você não foi afetado.
- Eu ouvi o som como todo mundo.
Era ensurdecedor e eu coloquei as mãos nos ouvidos. Mas vi outras pessoas
fazendo isso e elas também ficaram loucas. Não tenho a menor ideia de como
continuei normal. Passei o resto da madrugada olhando da sacada. A loucura
inicial foi diminuindo e as pessoas foram se acalmando, mas não voltaram ao
normal. Ficaram, você viu...
- Ficaram como zumbis.
- Isso. – assentiu Jonas.
- E a garotinha?
Sem comentários:
Enviar um comentário