quarta-feira, abril 19, 2017

O uivo da górgona - parte 38


39
Zu olhou à volta, indecisa. De fato, era impossível ter certeza de para onde tinha ido a galinha. Então viu o saco de lixo aberto. Aqui e ali vermes saindo dele.
A mulher lembrou-se que Pimpinela gostava daqueles vermes e provavelmente teria tido sua atenção despertada pelas coisinhas se remexendo no asfalto. Era uma boa aposta.
Mas, alcançado aquele ponto, nem sinal da galinha. Talvez ela tivesse virado na esquina, mas para que lado? Direita ou esquerda? A resposta era pura intuição. Confiando em seu faro, Zu virou à esquerda.
Ia andando devagar, o olhar baixo, atenta tanto aos sons quanto aos movimentos. Duas esquinas depois viu uma lixeira. De onde estava não era possível ver a galinha, mas sabia, ou sentia que estava indo na direção certa.
- Pimpinela! – gritou.
A galinha surgiu de trás do lixeiro. Mas, praticamente junto com ela, apareceu um zumbi na esquina.

Zulmira estancou. Agora não era apenas um zumbi, mas vários. Vinham descendo a rua e a tinham visto.
Pimpinela descia a rua, apavorada e não demoraria para ser capturada pelo grupo. A mulher já tinha visto uma horda daquelas devorando um cachorro e sentiu calafrios.
- Pimpinela, pimpinela! – gritou, indo na direção da galinácea e torcendo para que desse tempo.
O grupo já se tornara maior quando a galinha finalmente a alcançou e pulou em seus braços. Os zumbis estavam próximos, muito próximos. Urravam de ódio, os corpos desconjuntados naquela dança caótica.

Zulmira beijou a galinha e correu. Correu como nunca correra em sua vida. Correu e rezou. 

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