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Sofia tentava acostumar-se com a
escuridão. A sala formava um L com o corredor e a luz que vinha dele era
incapaz de iluminar o que havia do outro lado. Com o tempo, a menina conseguiu
distinguir uma espécie de mesa. Não, não era uma mesa, era algo diferente.
Parecia de metal, mas era alta e estreito demais para ser uma mesa. A menina
teria pensado que se tratava de uma cama, mas nem mesmo isso se encaixava no
que seus olhos conseguiam vislumbrar.
Sofia sentiu o coração palpitar e
suas mãos agora estavam suando.
Havia algo em cima da mesa
estranha, como um saco de dormir, ou um amontoado de roupas. O que poderia ser?
Ela olhou à volta, em busca de um
interruptor e achou-o na quina do fim do corredor.
Então deu um passo cauteloso na
direção dele, seus tênis arrastando contra o chão.
A luz acendeu e a menina custou a
discernir o que via. Talvez porque seus olhos estivessem acostumados à
penumbra. Parecia um manequim humano, como aqueles que ela vira em várias
lojas, mas faltavam os braços e as pernas, sobrando apenas o tronco. Sofia
imaginou que fosse o manequim de uma mulher por causa dos cabelos negros com
corte feminino. O rosto estava virado para a parede.
A menina se aproximou e seus
olhos, agora acostumados à claridade, repararam em algo estranho. De onde
deveriam sair pernas e braços saiam linhas negras, como se alguém tivesse
costurado a pele.
Agora mais perto, a menina reparou
que o manequim não tinha textura de plástico, mas de pele. Pele humana. Que
tipo de pessoa faria um manequim tão realista? Por que razão? Ou talvez... ou
talvez fosse realmente uma mulher?
Foi nesse momento que a mulher se
virou e olhou para ela.
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