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Sofia recuou, horrorizada.
Era uma mulher, uma de verdade.
Sofia olhou, angustiada, para as facas na parede e compreendeu e a compressão
fez com que um calafrio arrepiasse seu corpo.
Era uma mulher de verdade e seus
braços e pernas tinham sido cortados e a pele costurada, provavelmente para que
ela não morresse sangrando. E não tinha sido só isso que havia sido costurado.
Quem fizera isso costurara também os lábios da mulher, de modo que ela não
conseguia falar.
Pelos movimentos do rosto, Sofia
imaginou que ela estivesse murmurando algo, numa tentativa vã de pedir ajuda.
Mas não era necessário ouvi-la. Bastava contemplar o desespero em seu olhar.
Era um pedido desesperado de ajuda.
O dono da casa fez isso com ela,
compreendeu Sofia. O dono da casa capturou essa mulher e cortou seus braços e
suas pernas, e costurou para que ela sobrevivesse e pudesse passar mais tempo
sendo torturada.
Talvez ele pretendesse fazer isso
com todos eles, pensou Sofia e a compreensão foi tão insuportável que pareceu
doer em seu peito.
Preciso avisar os adultos, preciso
trazê-los aqui, pensou ela.
Mas quando se virou o dono da casa
estava lá, olhando para ela, com uma faca na mão.
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