terça-feira, maio 02, 2017

Camelot 3000


Camelot 3000 foi uma maxisérie em 12 capítulos publicada pela DC Comics entre 1982 e 1985 com roteiro de Mike W. Barr e arte do britânico Brian Bolland. Um dos primeiros trabalhos da chamada invasão britânica nos quadrinhos americanos, a série fez grande sucesso e ajudou a DC Comics a sair de uma grave crise que a assolou no final dos anos 1970 e início da década de 1980.

A ideia por trás de Camelot 3000 era ousada: e se Rei Arthur e seus cavaleiros voltassem em uma Inglaterra futurística para combater uma invasão alienígena? Afinal, conta a lenda que Arthur voltará sempre que o país esteja ameaçado...

Além de Arthur, voltam os outros cavaleiros da Távola redonda, mas estes, ao contrário do Rei, não ficaram hibernando, mas reencarnaram. Assim, a primeira parte da história trata justamente da procura dos mesmos.

Há cavaleiros negros, japoneses, mas os mais diferentes são os que mais cativaram os leitores. Sir Tristão renasceu como mulher e descobre isso justamente quando está se casando com um sargento. Posteriormente ela conhece a reencarnação de Isolda, sua amada em outra vida e descobre que ainda é apaixonada por ela. Tristão sente-se um homem no corpo de uma mulher. A relação Tristão-Isolda foi, provavelmente, o primeiro namoro lésbico de uma grande editora norte-americana.

Sir Percival, conhecido por sua docilidade é agora um neo-humano, seres monstruosos e irracionais usados pelo sistema para combater seus inimigos. Da mesma forma que Tristão, ele não aceita seu novo corpo.

Além disso, o triângulo amoroso Guinevere – Arthur – Lacelot volta a se formar, com a rainha traindo o rei.

A história era tão inovadora para a época que chegou a ser censurada no Brasil, principalmente as cenas entre Tristão-Isolda.

Se nas décadas de 1960-1970 a Marvel Comics eram a editora na qual as coisas aconteciam, obras como Camelot 3000, Monstro do Pântano, Esquadrão Atari e Novos Titãs mostravam que, em meados dos anos 1980, a editora das inovações era a DC Comics.

Além do ótimo roteiro de Mike Barr, Camelot 3000 contava com o desenho detalhista e inovador de Brian Bolland. Oriundo da revista inglesa 2000 AD, Bolland trouxe um ar de realismo poucas vezes visto nos quadrinhos da DC Comics. Além disso, suas mulheres estavam entre as mais sensuais dos quadrinhos da época. Sua popularidade foi tão grande que posteriormente, ele ficou encarregado apenas de fazer capas para a DC. Dizia-se que qualquer gibi que tivesse um capa feita por ele venderia bem.


Camelot 3000 marcou época e mostrou que os comics americanos não precisariam ficar presos apenas ao gênero super-heróis para fazer sucesso. Além disso, preparou caminho para o selo Vertigo, especializado em quadrinhos para adultos.

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