Em 1980, Jim Shotter,
editor-chefe da Marvel, queria revolucionar o universo dos quadrinhos de
super-heróis com uma história grandiosa. Para isso, ele bolou uma série em 12
partes que mostraria os principais heróis e vilões da editora se enfrentando.
Em Guerras Secretas, uma
entidade super-poderosa, denominada Beyonder, cria um planeta e transporta para
lá os mais importantes personagens da editora. E avisa: destruam seus inimigos
e todos os seus desejos serão realizados.
Os personagens dividem-se
entre heróis e vilões e começam os conflitos. Entre os heróis, há estranhamento
pela presença de Magneto, um notório vilão dos X-men. Entre os vilões, começam
as brigas pela liderança.
Entre os heróis havia vários
medalhões da editora, como o Homem-aranha, X-men, Vingadores, Hulk, Coisa. Do lado dos vilões,
peso-pesados, como Doutor Destino, Lagarto, Ultron e Galactus. A presença de
Galactus no time de vilões tem causado, até hoje, controvérsias. Criado por
Jack Kirby e Stan Lee em uma aventura do Quarteto Fantástico da década de 1960,
ele é uma entidade cósmica super-poderosa, capaz de devorar planetas inteiros.
Sua presença no time de vilões desequilibraria qualquer disputa.
Para desenhar a história foi
chamado Mike Zeck, que vinha se destacando nas histórias do Mestre do Kung Fu
com seu traço elegante.
A história fez grande
sucesso e remodelou a vida de vários personagens da editora. O mais afetado foi
o Homem-aranha, que ganhou um uniforme preto, fruto de uma simbiose com um ser
alienígena. Posteriormente esse uniforme se transformaria no vilão Venon.
Guerra Secretas foi muito
bem resumida por uma funcionária da Marvel responsável pelo mercado direto:
“Guerras Secretas é ruim, mas vendeu muito bem!”.
Dizem que Jim Shotter pediu
tantas mudanças nos desenhos que, ao terminar, mandou para o desenhista Mike
Zeck uma garrafa de champanhe. Zeck abriu a garrafa e jogou todo o conteúdo na
pia.
No Brasil a história foi
lançada em 1986 para servir de divulgação para a linha de bonecos da Gulliver.
Mas os heróis estavam atrasados em relação à cronologia americana e, para
adequar essa inconsistência, a série foi cortada e mutilada. Até mesmo
personagens, como Vampira e Capitã Marvel, foram apagados e o final da saga foi
totalmente modificado para se adequar ao momento que a Marvel vivia no Brasil. Ou
seja: o que já não era bom, ficou ainda pior.
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