quarta-feira, maio 03, 2017

O uivo da górgona - parte 49


49
Quando entrou no cômodo, a primeira coisa que Edgar viu foi a mulher deitada sobre a maca. Ela gemia, tentando gritar, mas seus lábios estavam costurados. Suas pernas e seus braços tinham sido cortados e a pele costurada. Podia-se ver o sangue coagulado em volta dos pontos, como uma obra de um costureiro bizarro e escatológico. Essa primeira visão quase o fez vomitar, mas ao olhar para o lado se conteve. Roberto estava ali, puxando Sofia contra si. Uma faca pequena, mas muito brilhante e nitidamente afiada apertava o pescoço da garota. Zu estava ao seu lado, apontando uma faca para ele, o olhar transtornado de ódio.
- Parados aí. – avisou Roberto. Parados aí ou eu corto a jugular da menina.
Jonas e Alan haviam entrado na sala e estavam como ele, desorientados, incapazes de reagir. Apenas Zu permanecia dona de si, a faca apontada para o outro.
- Corta ela e eu faço você em pedacinhos! – gritou.

Mal se recuperou do susto, Edgar apontou o martelo que carregava para Roberto. Mas estava diante de um impasse. Se fizessem algum gesto mais efetivo, corriam o risco de matar a garota.
A mulher sobre a maca gemeu, seus olhos gritando em desespero.
- Meu Deus, ele... ele... – murmurou Alan lá atrás.
- Sim, eu cortei os braços e as pernas dela. – completou Roberto. Ela está aí há dois dias, desde que começou a coisa toda. Eu sabia que haveria pessoas sozinhas, desesperadas e precisando de ajuda. Então saí para caçar... Conseguem imaginar que ela se sentiu feliz ao me ver? Foi muito fácil trazê-la para casa... eu me diverti muito com ela me divertirei mais. Infelizmente, apesar de todos os meus cuidados, ela morrerá em breve...
Alan avançou para ele:
- Seu maldito!
Mas Edgar o segurou.
- Não é a primeira vez que você faz isso. – disse Jonas apontando para a parede repleta de facas.
- Nem de longe. A perfeição só se consegue com a prática. Antigamente minhas vítimas morriam rápido. Hoje consigo fazê-las sofrer muito antes do último suspiro.
- Você ia fazer isso com a gente? – Indagou Alan, a mão apertando o facão.
- Eu ia matá-los um a um, no tempo certo.
- Nós iríamos desconfiar...
- Com tantos zumbis lá fora? Os primeiros, bastaria colocar a culpa nos zumbis e quando os outros percebessem, já estavam naquela maca... A primeira seria essa curiosa aqui. – disse Roberto, apontando a faca para Sofia.
A menina engoliu em seco. Era surda e não tinha ouvido as palavras do homem, mas sabia que estava em perigo.
- Escute. – começou Edgar. Estamos em quatro. Se você matar a menina, morre. Solte a menina e o deixamos em paz.
- A mulher da maca... – contestou Alan.
- A mulher da maca já está morta. Mesmo que conseguíssemos salvá-la, ela morreria em breve. Vamos salvar Sofia. E então, o que me diz?
Roberto suspirou, balançando a cabeça:
- Eu acho que ainda não entenderam. Eu vou matá-los. Todos vocês. Vou encontrá-los e matá-los um a um.
- Talvez sim, mas não hoje. Entregue a garota e vamos embora. Mate ela e nós o matamos.

- Muito bem. Vão na frente. No portão eu libero a menina. 

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