49
Quando entrou no cômodo, a
primeira coisa que Edgar viu foi a mulher deitada sobre a maca. Ela gemia,
tentando gritar, mas seus lábios estavam costurados. Suas pernas e seus braços
tinham sido cortados e a pele costurada. Podia-se ver o sangue coagulado em
volta dos pontos, como uma obra de um costureiro bizarro e escatológico. Essa
primeira visão quase o fez vomitar, mas ao olhar para o lado se conteve. Roberto
estava ali, puxando Sofia contra si. Uma faca pequena, mas muito brilhante e
nitidamente afiada apertava o pescoço da garota. Zu estava ao seu lado,
apontando uma faca para ele, o olhar transtornado de ódio.
- Parados aí. – avisou Roberto.
Parados aí ou eu corto a jugular da menina.
Jonas e Alan haviam entrado na
sala e estavam como ele, desorientados, incapazes de reagir. Apenas Zu
permanecia dona de si, a faca apontada para o outro.
- Corta ela e eu faço você em
pedacinhos! – gritou.
Mal se recuperou do susto, Edgar
apontou o martelo que carregava para Roberto. Mas estava diante de um impasse.
Se fizessem algum gesto mais efetivo, corriam o risco de matar a garota.
A mulher sobre a maca gemeu, seus
olhos gritando em desespero.
- Meu Deus, ele... ele... –
murmurou Alan lá atrás.
- Sim, eu cortei os braços e as
pernas dela. – completou Roberto. Ela está aí há dois dias, desde que começou a
coisa toda. Eu sabia que haveria pessoas sozinhas, desesperadas e precisando de
ajuda. Então saí para caçar... Conseguem imaginar que ela se sentiu feliz ao me
ver? Foi muito fácil trazê-la para casa... eu me diverti muito com ela me
divertirei mais. Infelizmente, apesar de todos os meus cuidados, ela morrerá em
breve...
Alan avançou para ele:
- Seu maldito!
Mas Edgar o segurou.
- Não é a primeira vez que você
faz isso. – disse Jonas apontando para a parede repleta de facas.
- Nem de longe. A perfeição só se
consegue com a prática. Antigamente minhas vítimas morriam rápido. Hoje consigo
fazê-las sofrer muito antes do último suspiro.
- Você ia fazer isso com a gente?
– Indagou Alan, a mão apertando o facão.
- Eu ia matá-los um a um, no tempo
certo.
- Nós iríamos desconfiar...
- Com tantos zumbis lá fora? Os
primeiros, bastaria colocar a culpa nos zumbis e quando os outros percebessem,
já estavam naquela maca... A primeira seria essa curiosa aqui. – disse Roberto,
apontando a faca para Sofia.
A menina engoliu em seco. Era
surda e não tinha ouvido as palavras do homem, mas sabia que estava em perigo.
- Escute. – começou Edgar. Estamos
em quatro. Se você matar a menina, morre. Solte a menina e o deixamos em paz.
- A mulher da maca... – contestou
Alan.
- A mulher da maca já está morta.
Mesmo que conseguíssemos salvá-la, ela morreria em breve. Vamos salvar Sofia. E
então, o que me diz?
Roberto suspirou, balançando a
cabeça:
- Eu acho que ainda não
entenderam. Eu vou matá-los. Todos vocês. Vou encontrá-los e matá-los um a um.
- Talvez sim, mas não hoje.
Entregue a garota e vamos embora. Mate ela e nós o matamos.
- Muito bem. Vão na frente. No
portão eu libero a menina.
Sem comentários:
Enviar um comentário