A citação ocorre quando se
utiliza uma frase, uma idéia ou informação coletada por outro autor. Ela é a
base do argumento da autoridade, em que o autor usa uma autoridade para
reforçar seu pensamento.
Embora Karl Popper duvide
da validade do argumento da autoridade, Kuhn demonstrou que os cientistas se
baseiam no paradigma, que é uma autoridade. Assim, um autor marxista irá
certamente citar Marx em seus trabalhos. Um físico não pode ignorar os trabalhos
de Einstein, e, se puder, vai citá-lo para reforçar seu raciocínio.
Em todo caso, mesmo autores influenciados por Popper admitem
que em algumas áreas, como o direito, o argumento da autoridade é inevitável. É
impossível, por exemplo, escrever um texto jurídico sem citar leis.
Mas é bom ter cuidado com as citações. É necessário antes
verificar se o autor citado é realmente uma autoridade na sua área. Além disso,
deve-se verificar se a citação tem relação com seu argumento.
O direito de citação é garantido pela lei 9610, de 19.02.98:
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de
comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou
polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do
autor e a origem da obra.
As
citações podem ser diretas ou indiretas.
Na citação indireta, usa-se a idéia do autor, mas não
exatamente suas palavras. A citação não vem entre aspas, mas deve ser referenciada.
Exemplo de citação indireta:
Para Aristóteles (1996), a comédia é a imitação das pessoas
inferiores. O filósofo ressalta, no entanto, que o cômico se refere a um tipo
de feio específico, no qual não cabe a dor. Um exemplo disso é a máscara cômica
usada no teatro grego que, apesar de feia, não expressa dor.
Na citação direta, a idéia é expressa exatamente como o
autor citado a escreveu.
Exemplo de citação direta:
Para Aristóteles (1996, p. 35), a comédia é a imitação das
pessoas inferiores e refere-se à feiúra. Entretanto, para ele, a comicidade
“(...) é um defeito e uma feiúra sem dor nem destruição; um exemplo óbvio é a
máscara cômica, feia e distorcida, mas sem expressão de dor.”.
As citações curtas (de até três linhas) devem vir dentro do
texto, entre aspas. As citações longas devem vir em parágrafo próprio com um
recuo de quatro centímetros.
Um detalhe importante sobre as citações é que elas não podem
ser muito extensas. Citações maiores devem ter autorização por escrito do
autor. Assim, pegar um capítulo inteiro de outro autor não é citação, é plágio.
Toda informação ou idéia
colocada no texto que tenha sido criada ou coletada por outra pessoa, deve ser
referenciada. Como vimos, as citações são um procedimento científico normal,
mas citar sem dizer quem é o autor original é plágio.
A boa citação deve vir,
obrigatoriamente, acompanhada de referência bibliográfica que indique o autor,
a obra e a página da qual foi tirada a citação.
Há dois sistemas de referência: o autor-data e de notas de rodapé.
Atualmente, em decorrência da internet, a maioria das instituições tem
aconselhado o usa do sistema autor-data.
No sistema autor, data, coloca-se o sobrenome do autor, virgula,
ano de publicação, vírgula, a abreviatura de página e o número da página.
Exemplo: (RUIZ, 1979, p.
86)
No caso de dois autores, coloca-se o sobrenome dos dois, separados
por ponto e vírgula.
Exemplo: (CERVO; BERVIAN,
1983, p. 136).
Quando o nome do autor já aparece no texto, apenas o ano e a
página aparecem entre parênteses e o nome do autor é grafado em caixa baixa.
Exemplo: Para Ruiz (1979, p. 86), “o conhecimento
científico...”.
Quando se trata de uma citação que foi retirada de um livro
de outro autor que não o autor original , deve-se colocar o sobrenome do autor
da frase, seguida pela expressão apud e pelo sobrenome do autor do livro
consultado. Quando o nome do autor vier fora do parênteses, admite-se a
expressão “citado por”.
Exemplo: (POPPER apud
HEGENBERG,1979, p.86).
Ou: Popper citado por
Hegenberg (1979, p.86).
Quando a citação se refere a uma idéia do autor e não a uma
informação ou frase específica, a página não é obrigatória na referência.
Exemplo: Num estudo recente (BARBOSA, 1980) demonstrou-se
que...
Quando houver dois autores com o mesmo sobrenome, coloca-se
o prenome abreviado.
Exemplo:
(BARBOSA, C., 1956)
(BARBOSA, O., 1956)
Quando forem citados vários documentos do mesmo autor publicados
no mesmo ano, acrescenta-se, após a data, letras minúsculas, sem espacejamento
(essas letras também devem aparecer na bibliográfica, sempre após o ano).
Exemplo:
(OLIVEIRA, 1999a)
(OLIVEIRA, 1999b)
Quando se tratar de informação oral (palestras, debates, comunicações
pessoais), utiliza-se, entre parênteses, a expressão informação verbal.
Exemplo:
Franco de Rosa afirma que a Grafipar começou a contratar desenhistas
de outros estados no ano de 1980 (informação verbal).
Quando o texto não tiver autor, a entrada é feita pelo
título ou pela instituição. Quando o
título for extenso, pode-se abreviá-lo, colocando a primeira palavra seguida de
reticências.
Exemplos:
(UNESCO, 2001)
(CROSSGEN..., 2003)
Quando a citação direta tiver até três linhas, deve vir
entre aspas, no corpo do próprio texto.
Exemplo:
Mais recentemente, os
estudos sobre buracos negros terminaram de enterrar o demônio laplaciano.
Stephen Hawking descobriu que os buracos negros não são completamente negros:
“O que pensamos como espaço vazio não é realmente vazio, mas é preenchido com
pares de partículas e antipartículas. Estas aparecem juntas em algum ponto do
espaço e tempo, movem-se separadamente e então, juntam-se e aniquilam-se”
(HAWKING, 2004).
Quando a citação direta
tiver mais de três linhas, deve vir em parágrafo à parte, com recuo de quatro
centímetros, fonte em tamanho menor, espaçamento simples e sem aspas, itálico
ou negrito.
Exemplo:
A noção do universo como
relógio deu origem à idéia ao determinismo científico, expresso publicamente
pela primeira vez pelo cientista francês Laplace. Acreditava-se que a natureza
seguia regras fixas que podiam ser descobertas com o uso da razão, como no caso
de um relógio. Para Laplace,
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