Durante muitos anos se afirmou que os quadrinhos emburreciam as crianças, pois mostravam tudo e não deixavam nada para a imaginação. Quem disse isso, claro, nunca leu quadrinhos. A imaginação do leitor trabalha entre um quadro e outro, completando aquilo que não é mostrado. Essa é a grande característica da linguagem dos quadrinhos: elipses entre uma ação e outra que são completadas pelo leitor, que deve, obrigatoriamente, ser ativo nesse processo, ou não vai entender nada.
Ao adptar quadrinhos para cinema e TV, diretores tentaram usar elementos da linguagem de quadrinhos, como requadros simultâneos, balões, onomatopéias. Mas o melhor acerto veio da série do Demolidor, que se apropriou dessas elipses: o expectador muitas vezes não vê o que está acontecendo, e apenas imagina, completa a ação que não é mostrada.Exemplo disso é o episódio da primeira temporada em que o herói enfrenta uma gangue de russos para salvar um menino. A ação ocorre em um corredor e nas salas adjacentes, mas a câmera permanece apenas no corredor. Quando o Demolidor entra em uma sala, apenas imaginamos o que está acontecendo, não vemos a ação.
Numa época de filmes de ação desenfreada ou verborragia pseudo-intelectual, series como essa salvam o dia.
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