Esta é, provavelmente,
a série mais aguardada da coleção histórica Marvel. Afinal, o Mestre do Kung Fu
era um dos personagens mais queridos pelos leitores e estava fora das bancas há
muito, muito tempo.
Este volume reúne as
primeiras histórias do personagem que, criado na onda dos filmes de Kung Fu,
sobreviveu à moda e se tornou uma das revistas mais longevas da Marvel, sendo
publicada por mais de uma década.
Shang Chi foi criado
por Steve Englehart e Jim Starlin, dois dos artistas mais revolucionários da época
em que os hippies tomaram conta da Marvel. Os dois viram no sucesso do seriado
Kung Fu, com David Carradine, a chance de criar uma série sobre filosofia
oriental e procuraram o editor, Roy Thomas, que os alertou que a série
pertencia à Warner, que não só não autorizaria a adaptação, como ainda poderia
alertar a DC para lançar o gibi.
De alguma forma, a DC
soube da história e o Publisher da editora, Carmine Infantino, teria dito: “Se
eles lançarem Kung Fu, nós fazemos o Fu Manchu”.
Fu Manchu era um vilão
clássico dos pulp fictions e cairia bem nessa nova onda de interesse pelo
oriente. Alguém alertou Roy Thomas sobre isso e este comprou os direitos sobre
Fu Manchu.
Assim, quando a nova
revista foi lançada, seu protagonista, Shang Chi, seria um filho de Fu Manchu
rebelado contra o pai. Essa união deu à série características próprias,
misturando artes marciais com espionagem e uma relação conflituosa entre pai e
filho numa época em que todas as histórias de sucesso tinham essa característica
(a exemplo de Star Wars).
Englehart e Starlin
ficaram pouco tempo no título, mas providenciaram as bases para o estilo da
revista. As históris sempre iniciavam no auge da ação e flash backs contavam
como se chegou ali. Além disso, o texto, poético, ecoavam a estética dos koans:
“A espada do samurai canta atrás de mim como a canção de um beija-flor”. Starlin
fazia sequências de ação com letras chinesas ao fundo. Parecia que os dois
estavam tentando se afastar do estilo dos super-heróis e se aproximar de alguma
outra estética. Ainda assim, soava estranho, em especial os desenhos de
Starlin, que sempre foi melhor desenhando sagas estelares.
A revista só ganhou vida
própria com a entrada de Paul Gulacy. Apesar do desenho inconstante, muitas
vezes calcado no estilo de Jack Kirby e com erros de anatomia e perspectiva no
início, ele logo mostrou que era o artista ideal para o projeto. A sequência em
que o herói sofre uma alucinação provocada por uma droga misturada com gasolina
por seu pai (em um dos planos mirabolantes para escravizar os Estados Unidos) é
um dos grandes momentos do álbum. Englehart não se atreveu nem mesmo a colocar
texto na imagem, deixando que o desenho transmitisse tudo que a história pedia.
Posteriormente estaria
formada a dupla clássica com a entrada do roteirista Doug Moench (antes disso
haveria uma desajeitada história escrita por Gerry Conway, que parecia não ter
entendido o personagem). Moench a princípio imitou o estilo de Englehart, mas
aos poucos foi construindo seu próprio estilo.
Este álbum certamente
vai agradar aos saudosistas e apresentar o personagem a toda uma nova geração
que infelizmente não o conhecia. Por si só já teria o seu valor. De negativo, apenas
a falta de textos explicativos e históricos. Considerando-se o tempo que o
personagem não é publicado aqui, esses textos seriam de grande valor.
1 comentário:
FORMIDÁVEL. MUITO ME ALEGRA SABER DISSO. VOU COM UNHAS E DENTES ATRÁS DO MEU EXEMPLAR. VALEU, GIAN!!!
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