Filme neozelandês de 2016, O que
fazemos nas sombras é um ótimo exemplo do gênero mocumentário (documentário
falso). Na história, uma equipe de documentaristas, devidamente protegidos por
crucifixos, acompanha o cotidiano de quatro vampiros centenários moradores de
um castelo.
Além disso, como dividem o mesmo
local, os personagens enfrentam problemas de convivência, como por exemplo,
decidir quem lava a louça – ou
A excêntrica lista de
personagens, que conhecemos logo na primeira cena, dá o toque de humor da
história: o engomadinho Viago, o revoltado Deacon, o “sensual” Vladslav e
Petyr, que não fala uma única palavra durante todo o filme. As referências aí
são óbvias: Viago, por exemplo, é uma versão anedótica dos vampiros do livro
Entrevista com vampiro, Vladslav é uma referência direta ao Drácula de Coppola
e Petyr é Nosferato, clássico do cinema expressionista alemão.
A dinâmica entre esses quatro (e
os outros personagens que vão aparecendo depois) é perfeita. Logo no começo do
filme, por exemplo, o engomadinho Viago faz uma reunião para discutir sobre as
tarefas da casa e acusa Deacon de não lavar a louça há cinco anos. O humor
surge exatamente disso: de vampiros, seres sobrenaturais, tendo que lidar com
questões cotidianas, como a limpeza da casa, louça para lavar, contas para
pagar, serviçais que insistem em ser transformados em vampiro, a sujeira
resultante de quando um deles acerta uma artéria principal de uma vítima etc.
A graça da coisa está exatamente nisso: em imaginar como seria
a vida real de vampiros em uma sociedade morderna. Um exemplo: como não têm
reflexo, os vampiros são incapazes de perceber se suas roupas são adequadas ou
não à nossa época. Também não podem entrar em uma boate, já que vampiros só
podem entrar em um local se forem convidados.
A produção é tosca, com efeitos
especiais óbvios para os dias de hoje, mas isso, ao invés de atrapalhar, ajuda,
contribuindo para o clima de humor da história.
O que fazemos nas sombras fez
tanto sucesso que já se fala em fazer uma série da Fox dirigida por Taika
Watiti (Thor: Ragnarok), um dos diretores do longa. Resta saber se conseguirão
manter o mesmo ritmo sem que pareça uma piada esticada.
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