domingo, setembro 16, 2018

O que fazemos nas sombras



Filme neozelandês de 2016, O que fazemos nas sombras é um ótimo exemplo do gênero mocumentário (documentário falso). Na história, uma equipe de documentaristas, devidamente protegidos por crucifixos, acompanha o cotidiano de quatro vampiros centenários moradores de um castelo.
Além disso, como dividem o mesmo local, os personagens enfrentam problemas de convivência, como por exemplo, decidir quem lava a louça – ou
A excêntrica lista de personagens, que conhecemos logo na primeira cena, dá o toque de humor da história: o engomadinho Viago, o revoltado Deacon, o “sensual” Vladslav e Petyr, que não fala uma única palavra durante todo o filme. As referências aí são óbvias: Viago, por exemplo, é uma versão anedótica dos vampiros do livro Entrevista com vampiro, Vladslav é uma referência direta ao Drácula de Coppola e Petyr é Nosferato, clássico do cinema expressionista alemão.
A dinâmica entre esses quatro (e os outros personagens que vão aparecendo depois) é perfeita. Logo no começo do filme, por exemplo, o engomadinho Viago faz uma reunião para discutir sobre as tarefas da casa e acusa Deacon de não lavar a louça há cinco anos. O humor surge exatamente disso: de vampiros, seres sobrenaturais, tendo que lidar com questões cotidianas, como a limpeza da casa, louça para lavar, contas para pagar, serviçais que insistem em ser transformados em vampiro, a sujeira resultante de quando um deles acerta uma artéria principal de uma vítima etc.
A graça da coisa  está exatamente nisso: em imaginar como seria a vida real de vampiros em uma sociedade morderna. Um exemplo: como não têm reflexo, os vampiros são incapazes de perceber se suas roupas são adequadas ou não à nossa época. Também não podem entrar em uma boate, já que vampiros só podem entrar em um local se forem convidados.
A produção é tosca, com efeitos especiais óbvios para os dias de hoje, mas isso, ao invés de atrapalhar, ajuda, contribuindo para o clima de humor da história.
O que fazemos nas sombras fez tanto sucesso que já se fala em fazer uma série da Fox dirigida por Taika Watiti (Thor: Ragnarok), um dos diretores do longa. Resta saber se conseguirão manter o mesmo ritmo sem que pareça uma piada esticada.

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