Em 1995, George Martin, autor de
Guerra dos Tronos, era um desconhecido no Brasil. A apresentação de sua novela
a flor de vidro, publicada na revista Isaac Asimov Magazine 4, dizia o
seguinte: “George R.R. Martin escreveu vários episódios de Além da Imaginação e
um conto seu, publicado em 1985, ganhou um dos prêmios nébula daquele ano e
concorreu ao oscar da ficção científica, o troféu Hugo”. Ou seja: era só mais
um autor publicado pela revista. Entretanto, sua novela ganhou destaque na capa
e abriu a revista, reflexo direto da qualidade da narrativa.
Martin propõe uma trama
interessante: um jogo da mente. Três jogadores disputam como prêmios corpos de
três prisioneiros. Se forem vencendores, ganham o novo corpo. Mas os jogadores
podem também disputar entre si – nada impede, por exemplo, que um assuma o
corpo do outro. Da mesma forma, os prisioneiros podem escapar ilesos, ganhando
a liberdade.
A narradora é a Sábia, a mestra
responsável por comandar o jogo, que se vê diante de uma situação inusitada
quando um androide resolve participar. O androide que afirma ser um lendário
herói espacial.
A narrativa de Martin é minunciosa,
focada principalmente na caracterização dos personagens e na construção lenta
da trama (características também fundamentais em Guerra dos Tronos). Há também
as elipses, momentos não contados da trama, que o leitor deve deduzir, outra
característica dos livros sobre Westeros.
Há também um forte tom alegórico,
a começar pela flor de vidro do título, que torna-se um símbolo de toda a
discussão por trás da trama.
E, claro, uma referência óbvia: a
coisa toda parece um enorme RPG.
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