O Homem-Aranha é um dos
personagens mais populares da Marvel – senão o mais popular. Entretanto, poucas
pessoas da nova geração conhecem as primeiras histórias do personagem. Conheço
até mesmo gente que faz quadrinhos de super-heróis e nunca leu essas histórias.
Uma falha de formação quadrinística que pode ser remediada com número 16 da
coleção da Salvat dedicada ao herói.
O volume inclui a primeiração
aparição do personagem, na revista Amazing Fantasy 15, uma revista que estava
para ser cancelada e que Stan Lee aproveitou para testar um novo personagem que
o dono da Marvel insistia que seria um fracasso. Afinal, as pessoas odeiam
aranhas, não? Além disso, um herói magrelo, feio, paparicado pela tia? Uma
receita de fracasso. No entanto, foi um sucesso tão grande que o personagem
acabou ganhando revista própria já naquele ano de 1963.
Embora a primeira capa tenha sido
feita por Jack Kirby (aliás, a capa do volume da Salvat), quem ficou
responsável pelo visual do personagem foi Steve Ditko. Os desenhos de Ditko
apresentavam uma anatomia estranha, especialmente quando o personagem estava em
ação. No entanto, o que seria defeito, virava qualidade: um herói aracnídeo
deveria mesmo ficar em poses estranhas, não?
Embora essas histórias ainda
puxem muito para o infantil, há um charme inequívoco nessas HQs. Parker sendo
zoado pelos colegas, azarado em tudo, tia May tão ingênua que, quando é
sequestrada pelo Octopus o acha um senhor muito respeitável e se assusta quando
o aracnídeo chega para salvá-la. O aracnídeo em seu estado puro.
Além disso, vale destacar a
incrível habilidade de Ditko de contar muita coisa em poucas páginas. Ditko era
um narrador nato e lendo essas histórias é possível perceber o quanto Frank
Miller deve a ele.
E, claro, temos o texto de Stan
Lee, com o bom humor que caracterizou o personagem. Aliás, o textos de aberturas
das histórias são impagáveis sempre em splash pages emocionantes. Na abertura
do número 5 da revista, Lee diz aos leitores que eles já devem ter visto várias
histórias em que a introdução a qualifica como a mais espetacular aventura já
escrita (na verdade, algo que o próprio Lee fazia em profusão) e que daquela vez
ele seria totalmente honesto: “Esta pode não ser a maior história de todos os
tempos! Talvez você possa conhecer outros vilões piores ou até mesmo tenha lido
um roteiro mais emocionante... mas, sinceramente, nós duvidamos que isso seja
possível!”.
A união da narrativa de Ditko com
o texto divertido de Lee fez com qua o personagem se tornasse popular a ponto
de ganhar uma edição anual, na qual ele enfrenta seis vilões apresentados no
primeiro ano, o Sexteto Sinistro, uma aventura presente no volume, que Lee usa
para promover outras revistas da Marvel, colocando os personagens das mesmas
para fazerem pequenas participações na trama. É um bom termômetro do sucesso do
aracnídeo já naquele primeiro ano.
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