terça-feira, outubro 09, 2018

Homem-Aranha – Origens




O Homem-Aranha é um dos personagens mais populares da Marvel – senão o mais popular. Entretanto, poucas pessoas da nova geração conhecem as primeiras histórias do personagem. Conheço até mesmo gente que faz quadrinhos de super-heróis e nunca leu essas histórias. Uma falha de formação quadrinística que pode ser remediada com número 16 da coleção da Salvat dedicada ao herói.
O volume inclui a primeiração aparição do personagem, na revista Amazing Fantasy 15, uma revista que estava para ser cancelada e que Stan Lee aproveitou para testar um novo personagem que o dono da Marvel insistia que seria um fracasso. Afinal, as pessoas odeiam aranhas, não? Além disso, um herói magrelo, feio, paparicado pela tia? Uma receita de fracasso. No entanto, foi um sucesso tão grande que o personagem acabou ganhando revista própria já naquele ano de 1963.
Embora a primeira capa tenha sido feita por Jack Kirby (aliás, a capa do volume da Salvat), quem ficou responsável pelo visual do personagem foi Steve Ditko. Os desenhos de Ditko apresentavam uma anatomia estranha, especialmente quando o personagem estava em ação. No entanto, o que seria defeito, virava qualidade: um herói aracnídeo deveria mesmo ficar em poses estranhas, não?
Embora essas histórias ainda puxem muito para o infantil, há um charme inequívoco nessas HQs. Parker sendo zoado pelos colegas, azarado em tudo, tia May tão ingênua que, quando é sequestrada pelo Octopus o acha um senhor muito respeitável e se assusta quando o aracnídeo chega para salvá-la. O aracnídeo em seu estado puro.
Além disso, vale destacar a incrível habilidade de Ditko de contar muita coisa em poucas páginas. Ditko era um narrador nato e lendo essas histórias é possível perceber o quanto Frank Miller deve a ele.
E, claro, temos o texto de Stan Lee, com o bom humor que caracterizou o personagem. Aliás, o textos de aberturas das histórias são impagáveis sempre em splash pages emocionantes. Na abertura do número 5 da revista, Lee diz aos leitores que eles já devem ter visto várias histórias em que a introdução a qualifica como a mais espetacular aventura já escrita (na verdade, algo que o próprio Lee fazia em profusão) e que daquela vez ele seria totalmente honesto: “Esta pode não ser a maior história de todos os tempos! Talvez você possa conhecer outros vilões piores ou até mesmo tenha lido um roteiro mais emocionante... mas, sinceramente, nós duvidamos que isso seja possível!”.
A união da narrativa de Ditko com o texto divertido de Lee fez com qua o personagem se tornasse popular a ponto de ganhar uma edição anual, na qual ele enfrenta seis vilões apresentados no primeiro ano, o Sexteto Sinistro, uma aventura presente no volume, que Lee usa para promover outras revistas da Marvel, colocando os personagens das mesmas para fazerem pequenas participações na trama. É um bom termômetro do sucesso do aracnídeo já naquele primeiro ano.

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