No ano seguinte, o semanário Primera Plana solicitou a Quino
uma tira cômica e ele tirou da gaveta a personagem criada para a campanha
publicitária. A personalidade atrevida, já existente na versão anterior foi
destacada e, em setembro de 1964 Mafalda estreou no semanário onde passou seis
meses.
Em 1965 a personagem migrou para o diário El mundo, de Buenos
Aires, um dos mais lidos da Argentina, e começou sua escalada de sucesso. Logo
vários outros jornais estavam republicando as tiras.
Em 1966, um pequeno editor de Buenos Aires lança um álbum com
tiras já publicada em jornal. Apesar de não ter havido um grande divulgação, a
publicação se esgota em 12 dias. Logo várias editoras na América latina começam
a publicar álbuns com a personagem com grande sucesso. Na Itália, o álbum da
personagem ganha prefácio de Umberto Eco, um dos mais importantes intelectuais
daquele país, que escreve: ¨O universo de Mafalda não é apenas o de uma América
Latina urbana e desenvolvida; é também, de modo geral e em muitos aspectos, um
universo latino, o que a torna mais compreensível do que muitos personagens de
quadrinhos norte-americanos¨.
De fato, esse é um dos grandes méritos de Mafalda e é o que a
distingue de Peanuts, de Charles Schulz. Charlie Brown reflete a realidade e as
neuras do norte-americano típico. Mafalda é a contestadora, revoltada com as injustiças
do mundo.
Se Peanuts está mais para a psicologia, Mafalda está mais para
a sociologia. A sociedade latin-americana está lá representada nos personagens
da tira. Manolito, por exemplo, é o filho do dono da mercearia. Ele está
plenamente integrado ao capitalismo de bairro. De tudo na vida, só o dinheiro
tem valor e mesmo uma ação simples como brincar de iô-iô tem como objetivo
divulgar a mercearia do pai. Filipe é um sonhador que fantasia com tudo.
Suzanita só pensa em casar.
Quando a ditadura militar se instalou na Argentina, uma nova
personagem se agregou à tira: a pequenina Liberdade.
Algumas das melhores tiras da Mafalda tinham como personagem
coadjuvante um globo terrestre, quase sempre doente. Quino sempre foi muito bom
em metáforas.
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