Para alguns, Kid Miracleman era um herói. |
Os quadrinhos mostravam pessoas mortas e torturadas. |
O curioso é que, logo após esses eventos, surge um grupo que idolatra o Kid Miracleman. Para eles, ele era o verdadeiro herói e os crimes associados a ele pela mídia eram apenas invenções. Nem mesmo as milhares de fotos, vídeos e relatos de sobreviventes eram capazes de convencer esse grupo de que o Kid Miracleman era um vilão.
A história é uma metáfora do Moore para pessoas que se recusam a acreditar nas evidências, preferindo acreditar que a mídia, os relatos, os historiadores, as fotos são falsos e que suas convicções são verdadeiras.
Para o grupo que idolatra Kid Miracleman, o massacre é uma invenção da mídia. |
Explicando melhor: eu não
fui preso em um campo de concentração, não fui perseguido pelos nazistas. Mas
eu sei que tudo isso aconteceu porque leio relatos de sobreviventes, vejo
fotos, leio livros de historiadores e matérias da mídia especializada.
Eu não precisava estar lá
presente para saber que esses fatos aconteceram. Há muitas evidências.
Entretanto, há um grupo que
quando vê matérias sobre nazismo diz que relatos de sobreviventes são falsos,
que a mídia e historiadores estão mentindo etc.
Os adoradores de Kid
Miracleman são uma metáfora do Moore para esse tipo de situação, cada vez mais
comum em que as convicções pessoais são mais relevantes que os fatos, o
depoimento de sobreviventes, as matérias jornalísticas, os livros de
historiadores etc.
Ou, trazendo para um exemplo
mais brasileiro, a pessoa que prefere acreditar que a matéria jornalística (de
um jornal que pode ser processado - e deve - se publicar uma notícia falsa) não
tem credibilidade nenhuma, mas que um texto anônimo de zap zap, que ninguém sabe
quem escreveu (e, portanto, quem escreveu não tem nada a perder) é a verdade
absoluta - isso quando a pessoa não assina com o nome de uma pessoa famosa
(como aconteceu recentemente com o Padre Fábio de Melo) para dar credibilidade
ao texto e fazer essa pessoa ser processada pelas informações erradas, calúnias
etc.
Moore como sempre
antecipando e discutindo situações extramente atuais.
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