No
início da década de 1980 o terror já era um gênero decadente no mercado de
quadrinhos dos EUA. Depois do auge das revistas do gênero na década de 1970, os
gibis do gênero vendiam cada vez menos. Seria uma revista da DC Comics,
contando com textos do gênio Alan Moore que levaria os quadrinhos de horror a
um novo patamar, provocando inclusive a criação de um selo voltado apenas para
leitores adultos, a Vertigo.
O
personagem surgiu na revista House of Secrets 92, de abril de 1971, criação do
roteirista Len Wein e do desenhista Berni Wrightson. Contava a história
vitoriana de um homem, Alex Olsen, casado com uma linda mulher, cujos
experimentos científicos são sabotados por um colega, que se apaixonou por sua
esposa. Os produtos químicos, em junção com as plantas do pântano, fazem com
que ele se transforme num monstro. Ele volta para se vingar, mas descobre que
não poderá mais voltar a ser humano e foge para o pântano, sob o olhar
apavorado de sua esposa. Wrightson
desenhou tudo em uma semana, usando fotos de amigos para compor os
personagens.Era uma história fechada, mas fez tanto sucesso que surgiu a ideia
de criar um gibi com o personagem.
O personagem
foi atualizado e alguns nomes mudados. Alex Olsen virou Alec Holand. Sua esposa
tornou-se Linda Holand. Na nova versão, o casal de cientista está pesquisando
uma fórmula restauradora capaz de acelerar o crescimento das plantas, o que
poderia acabar com a fome do mundo. Mas a experiência é sabotada, Linda morre e
Alec se transforma em um monstro sempre em busca de recuperar a sua humanidade
perdida.
A
revista foi sucesso por algum tempo e lançou personagens importantes, como o
vilão Anton Arcane e sua sobrinha Abe, mas logo a fórmula se saturou e as
vendas caíram. Alguns anos depois, uma nova equipe criativa, composta pelo
roteirista Marty Pasko e o desenhista Tom Yeats assumiu o gibi, sem sucesso. A
revista já estava para ser cancelada quando o editor, Len Wein, resolveu chamar
um novo talento inglês, Alan Moore, para assumir o roteiro.
Alan
Moore não só conseguiu revitalizar o personagem como o transformou em um dos
maiores sucessos de público e de crítica, influenciando absolutamente a forma
como os leitores viam os quadrinhos de terror.
Para
começar, Moore fez a mudança significativa no personagem. O mote procura da
humanidade foi abandonado quando o Monstro descobriu que não era Alec Holand,
mas um elemental que se apropriara das memórias do cientista. Com isso, as
possibilidades se ampliaram muito, permitindo que o personagem pudesse viajar
para qualquer lugar do planeta apenas deixando sua casca morre em um ponto e
renascendo em outro.
Além
disso, Moore incorporou à série um discurso ecológico e libertário, denunciando
a destruição da natureza e a cobiça dos governos e grandes corporações. O auge
da inovação foi quando o Monstro do Pântano e Abe fizeram amor graças a uma
raiz alucinógena. Essa HQ foi a causa do personagem ter parado de ser publicado
no Brasil, já que os diretores da Abril, na época a acharam indecente, embora
não houvesse, de fato, cenas de sexo.
A
revista tinha também desenhos detalhistas e apavorantes de Stepehn Bissete e
John Totleben, que posteriormente seriam substituídos por Rich Veitch e Alfredo
Alcala.
Mas
a grande atração da revista era, sem dúvida, o texto de Moore, que flertava com
a poesia e a filosofia. Moore chegou a afirmar que a revista era o seu jeito de
devolver a poesia às pessoas. Até Moore, a maioria dos roteiristas usava o
texto para apenas ajudar a contar a história. Ele levou o texto a patamares
muito mais amplos, usando recursos estilísticos totalmente inovadores. Além do
texto poético, as histórias contavam com narrativas não lineares, com flash backs
ou com a mesma situação contada por vários personagens. Parecia que a cada
número o roteirista inglês experimentava uma nova maneira de contar uma
história.
Como
resultado, muita gente que tinha parado de ler quadrinhos voltou a eles. Moore
conquistou para os gibis os leitores mais velhos e intelectualizados, que
seriam a base do selo Vertigo.
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