Como os textos, há vários tipos de diálogos e várias técnicas. Eis alguns
tipos:
Frank Miller usou a técnica do diálogo realista em Cavaleiro das Trevas |
Diálogo realista - um dos
principais problemas é como construir um diálogo realista. Alguns roteiristas
costumam colocar termos chulos, palavrões, na boca dos personagens. Howard
Chaykin costuma fazer isso. De fato, isso dá uma impressão de realismo,
pois as pessoas normalmente falam palavrões. O problema é que nem todas as
pessoas falam palavrão e mesmo as que falam não o fazem o tempo todo. Então,
como construir um diálogo realista? Há algumas técnicas. A principal delas é a
do corte. Consiste em cortar o diálogo, mudando de assunto. Isso é muito comum na linguagem do dia-a-dia.
Nem mesmo as pessoas mais compenetradas passam mais do que alguns minutos
falando de mesmo assunto. O processo natural de um diálogo é feito de cortes:
uma idéia puxa outra, que puxa outra, que puxa outra, etc...Assim, começamos
falando de vacas e terminamos falando de Platão.
Neil Gaiman usou a técnica do diálogo literário em Sandman. |
Diálogo literário - Um diálogo bom não é necessariamente realista.
O diálogo literário é mais trabalhado que o realista, mais pomposo. Certos
personagens pedem um diálogo mais literário (ou teatral). O Shakespeare que
aparece nas histórias de Sandman fala de uma maneira bastante literária ou
teatral porque é assim que se imagina Shakespeare falando.
Os monólogos do Surfista Prateado se tornaram célebres. |
Monólogo - O monólogo é quando um personagem detém a
palavra durante muito tempo. Há um recurso parecido com o do corte, que se usa
para monólogos. É a técnica do aposto. Aposto é quando você coloca uma frase
dentro de uma frase (os apostos costumam vir separados do resto da frase por
vírgulas). Num monólogo a técnica consiste em aproveitar um detalhe da frase e
estendê-lo, voltando só depois para o assunto principal. Monólogos memoráveis
eram os do Surfista Prateado, escrito por Stan Lee, como este, retirado do
sexto número da revista do personagem: "Até quando devo continuar
aprisionado no selvagem planeta Terra? Quanto tempo suportarei até que solidão
me destrua? Não, este não pode ser o meu destino eterno! Não foi para isso que
renunciei a meu mundo, minha vida e meu amor! Por certo, em todo o universo não
pode haver ironia mais cruel do destino! Eu, que detenho um poder além da
compreensão... estou fadado a viver confinado e sem esperanças... tal qual o
mais frágil dos animais! ".
As informações sobre
Maria não fazem parte da história, mas dão um tom mais realista ao monólogo.
Pessoalmente, considero Benedito Rui Barbosa, autor da novela Renascer um ótimo
autor de monólogos. E o principal recurso usado por ele é o do aposto.
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