Buck Rogers,
Dick Tracy e Tarzan causaram uma verdadeira revolução nas histórias em
quadrinhos. O clima de aventura, o desenho realista e os cenários grandiosos
conquistaram os leitores.
Já não havia
mais lugar para as tiras cômicas e um dos maiores syndicates da época, o King
Features Syndicate entrou em desespero: Fazia-se urgente encontrar alguém que
trabalhasse tão bem com a aventura quanto a concorrência.
Para isso
foi instituído um concurso interno. Quem acabou ganhando foi um ex-oficce-boy
da empresa. Seu nome era Alex Raymond e seu personagem era Flash Gordon, um
dos maiores sucessos da época.
A história estreou num domingo, 7
de janeiro de 1934. Os leitores americanos abriram seus jornais e tiveram um
grande impacto. Lá estava um herói novo, diferente de todos os outros que o
haviam antecedido. Era a primeira história de Flash Gordon, de Alex Raymond.
De lambuja, vinha como complemento o personagem Jim das Selvas - também com
desenhos de Raymond.
Flash Gordon veio para revolucionar
o conceito de aventura. Nela predominava a imaginação: moças bonitas,
homens-leão, povos submarinos, princesas estelares, vilões insanos e um herói
ariano (exemplo perfeito de conduta e boas intenções) conviviam numa mesma
pagina.
Flash Gordon não parava. Mal
conseguia se livrar de monstros pré-históricos e caia nas mãos de um imperador
tirânico. Era como se estivesse passando por um eterno teste de provas.
A historieta
- que tinha roteiros anônimos de Don Moore - tornou-se um sucesso absoluto de
vendas. O traço forte e elegante de Raymond conquistou os leitores e conseguiu
dar ao personagem uma imponência que ninguém nunca mais conseguiu.
Flash Gordon surgiu para
concorrer com o grande campeão de vendas da época, Buck Rogers, mas com o
tempo, Flash ultrapassou de longe o seu concorrente do século XXV.
Praticamente junto com Flash Gordon, Raymond desenhou dois outros personagens
nos moldes dos que já faziam sucesso na época: Jim das Selvas (baseado em Tarzan)
e Agente Secreto X-9 (para concorrer com Dick Tracy).
“Agente
Secreto X-9” era de autoria do famoso escritor policial Dashiel Hammet e
transmitia o clima de tensão que os gángsters imprimiam aos anos 30. Detalhe:
esse trabalho de Hammet geralmente não aparece nas biografias do escritor.
Já Jim das
Selvas era, a principio, uma espécie de aventureiro, um caçador intrépido
enfrentando todos os perigos da selva. Com o tempo, Jim começou a se envolver
em tramas internacionais, mas nem por isso perdeu sua força.
Alex Raymond
foi um dos maiores desenhistas dos quadrinhos. O seu traço elegante influenciou
toda uma geração. Os seus personagens, entretanto, não tiveram muita sorte.
Depois da
morte de Raymond, no final dos anos 40, Flash Gordon ainda passou por um bom
momento no início da década seguinte nas mãos de Dan Barry (desenhos) e Harvey
Kurtzman (roteiro). Mas, assim que Kurtzman saiu do roteiro a história perdeu
muito do caráter onírico que tinha no início.
O grande
seguidor autêntico de Raymond a ilustrar seus personagens foi All Williamson, que desenhou três números
da revista do Flash Gordon e a tira do Agente Secreto X-9 durante 13 anos.
Além do
ótimo desenho e das tramas de matinê, terminando sempre em suspense, Flash
Gordon é lembrado também pelas antecipações. Foi nessa história em quadrinhos
que apareceu pela primeira vez a mini-saia, o raio laser e o forno microondas.
Em um de seus boletins oficiais, a NASA admitiu que os quadrinhos do personagem
foram usados para solucionar problemas de aerodinâmica dos primeiros foguetes
espaciais norte-americanos.
Flash Gordon
também foi a grande fonte de inspiração para outra grande saga moderna: os
filmes da série Star Wars. Como não conseguiu autorização para filmar o
personagem, George Lucas criou a série Guerra nas Estrelas baseada em Flash
Gordon.
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