terça-feira, agosto 27, 2019

Flash Gordon


Buck Rogers, Dick Tracy e Tarzan causaram uma verdadeira revolução nas histórias em quadrinhos. O clima de aventura, o desenho realista e os cenários gran­diosos conquistaram os leitores.

Já não havia mais lugar para as tiras cômicas e um dos maiores syndicates da época, o King Features Syndicate entrou em desespero: Fazia-se urgente encontrar alguém que trabalhasse tão bem com a aventura quanto a con­corrência.

Para isso foi instituído um concurso interno. Quem acabou ganhando foi um ex-oficce-boy da empre­sa. Seu nome era Alex Raymond e seu personagem era Flash Gordon, um dos maiores sucessos da época.

          A história estreou num domingo, 7 de janeiro de 1934. Os leitores americanos abriram seus jornais e tive­ram um grande impacto. Lá es­tava um herói novo, diferente de todos os outros que o haviam an­tecedido. Era a primeira história de Flash Gordon, de Alex Ray­mond. De lambuja, vinha como complemento o personagem Jim das Selvas - também com dese­nhos de Raymond.

Flash Gordon veio para re­volucionar o conceito de aventu­ra. Nela predominava a imaginação: moças bonitas, homens-leão, povos submarinos, princesas estelares, vilões insa­nos e um herói ariano (exemplo perfeito de conduta e boas inten­ções) conviviam numa mesma pagina.

Flash Gordon não para­va. Mal conseguia se livrar de monstros pré-históricos e caia nas mãos de um imperador tirâ­nico. Era como se estivesse pas­sando por um eterno teste de provas.

A historieta - que tinha ro­teiros anônimos de Don Moore - tornou-se um sucesso absoluto de vendas. O traço forte e elegante de Raymond conquistou os leitores e conseguiu dar ao personagem uma imponência que ninguém nunca mais conseguiu.

Flash Gordon surgiu para concorrer com o grande campeão de vendas da época, Buck Ro­gers, mas com o tempo, Flash ultra­passou de longe o seu concorrente do século XXV. Praticamente junto com Flash Gordon, Raymond desenhou dois outros persona­gens nos moldes dos que já faziam sucesso na época: Jim das Selvas (baseado em Tarzan) e Agente Se­creto X-9 (para concorrer com Dick Tracy).

“Agente Secreto X-9” era de autoria do famoso escritor policial Dashiel Hammet e transmitia o clima de tensão que os gángsters impri­miam aos anos 30. Detalhe: esse trabalho de Hammet geralmente não aparece nas biografias do es­critor.

Já Jim das Selvas era, a principio, uma espécie de aventureiro, um caçador intrépido enfrentan­do todos os perigos da selva. Com o tempo, Jim começou a se envol­ver em tramas internacionais, mas nem por isso perdeu sua força.

Alex Raymond foi um dos maiores desenhistas dos quadri­nhos. O seu traço elegante in­fluenciou toda uma geração. Os seus persona­gens, entretanto, não tiveram muita sorte.

Depois da morte de Raymond, no final dos anos 40, Flash Gordon ainda passou por um bom momento no início da década seguinte nas mãos de Dan Barry (desenhos) e Harvey Kurtzman (roteiro). Mas, assim que Kurtzman saiu do roteiro a história perdeu muito do caráter onírico que tinha no início.

O grande seguidor au­têntico de Raymond a ilustrar seus personagens  foi All Williamson, que desenhou três números da revista do Flash Gordon e a tira do Agente Secre­to X-9 durante 13 anos.

Além do ótimo desenho e das tramas de matinê, terminando sempre em suspense, Flash Gordon é lembrado também pelas antecipações. Foi nessa história em quadrinhos que apareceu pela primeira vez a mini-saia, o raio laser e o forno microondas. Em um de seus boletins oficiais, a NASA admitiu que os quadrinhos do personagem foram usados para solucionar problemas de aerodinâmica dos primeiros foguetes espaciais norte-americanos.
Flash Gordon também foi a grande fonte de inspiração para outra grande saga moderna: os filmes da série Star Wars. Como não conseguiu autorização para filmar o personagem, George Lucas criou a série Guerra nas Estrelas baseada em Flash Gordon.

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