Quase
todas as mulheres que foram torturadas no Chile desde
o golpe de Estado de 11 de setembro 1973, há
exatos 46 anos, sofreram também violência sexual, sem
distinção de idade. Pelo menos 316 foram estupradas, incluindo 11 que estavam
grávidas. Do total das vítimas que depuseram entre 2003 e 2004 na Comissão
Nacional sobre a Prisão Política e Tortura, 12,5% eram mulheres (3.399).
Dessas, 229 esperavam um filho, e algumas o perderam; outras deram à luz após
serem estupradas por seus torturadores, e muitas passaram por intrincadas e
recorrentes tortura sexuais que incluíam agressões físicas e humilhações diante
de pais e irmãos.
Uma
mulher que foi detida em 1974 na capital chilena e permaneceu dois anos presa
sem nenhum processo relatou que “por causa do estupro cometido pelos
torturadores, eu fiquei grávida e abortei na cadeia”. “Sofri choques elétricos,
fui pendurada, posta no pau de arara, "submarinos" [ameaça de
afogamento], simulação de fuzilamento, queimaduras com charutos. Obrigaram-me a
tomar drogas, sofri estupro e assédio sexual com cães, a introdução de ratos
vivos pela vagina e todo o corpo”, detalhou a vítima. O relato da mulher à
comissão, reproduzido em Así se Torturó en Chile, é dilacerador:
“Obrigaram-me a ter relações sexuais com meu pai e irmão que estavam detidos.
Também a ver e escutar as torturas de meu irmão e pai. Puseram-me na
churrasqueira, fizeram cortes com facão na minha barriga. Eu tinha 25 anos”. Leia mais
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