O ditador chileno montou um esquema de tráfico de drogas
usando aviões da Força
Aérea Chilena que distribuíam a droga na Europa (através
das embaixadas do país
em Estocolmo e Madri) e nos Estados Unidos, e chegou a
desenvolver seu próprio
produto para lucrar nesse mercado: a "coca negra".
O ditador chileno Augusto Pinochet (Arquivo)
A série de reportagens realizada pelo prestigiado jornalista investigativo irlandês Hugh O’Shaughnessy, publicada entre 1999 e 2000, pelo jornal britânico The Observer, relatou como a ditadura chilena montou um esquema de envios massivos de cocaína à Europa e aos Estados Unidos, através da estrutura das Forças Armadas e dos seus serviços secretos de repressão (a DINA e a CNI, que foram como o DOPS e o DOI-CODI do pinochetismo).
Segundo
um dos artigos de O’Shaughnessy, através desse esquema, e somente durante os
anos de 1986 y 1987, o Chile enviou 12 toneladas de droga, pelos quais recebeu
um valor não precisado, mas que seria de muitos milhões de dólares. “Não
há dúvidas de que Pinochet, cujo poder durante a ditadura foi absoluto,
participou do esquema de tráfico”, afirmou o periódico britânico, que inclusive
lembrou uma das mais célebres frases do ditador: “neste país, não se move nem
uma folha sem que eu saiba”.
Em
sua reportagem, O’Shaughnessy afirma que trabalhou no caso durante cerca de um
ano, e comprovou que o esquema de tráfico de drogas rendeu enormes benefícios
pessoais não só a membros do alto comando das Forças Armadas do Chile como à
própria família do ditador Pinochet: ele e sua esposa, Lucía Hiriart, tinham
uma conta no banco Riggs Bank com mais de 1,1 milhão de dólares, algo que não
combinava com seus salários como comandante-chefe do Exército chileno (cargo
que seguiu ocupando durante dez anos, depois do fim da ditadura) que juntos
chegavam a um total de 16 mil dólares anuais. O caso está sendo investigado até
hoje, já que a viúva ainda está viva, e porque os cinco filhos do casal também
estão envolvidos, como titulares de contas fantasmas em bancos do exterior. Leia mais
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