Quando era criança, Neil Gaiman se apaixonou pela mitologia nórdica graças à revista do poderoso Thor, da Marvel. Isso o levou a pesquisar o assunto e descobrir que a mitologia original era muito diferente da versão sci-fi expressionista dos quadrinhos, mas igualmente fascinante. O garoto, que pouco tempo depois se tornaria roteirista de quadrinhos e escritor de sucesso continuou fascinado por essas lendas. O resultado disso é o livro Mitologia Nórdica, lançado este ano pela editora Intríseca.
O volume, em capa dura, com belíssima ilustração de Steve Attardo tem quase 300 páginas divididas em pequenos contos no qual Gaiman narra algumas das principais lendas nórdicas, da origem do mundo ao ragnarok (que qualquer leitor da Marvel sabe se tratar do fim dos tempos).
O texto de Gaiman é primoroso, o que faz com que a leitura seja extremamente rápida. Mal percebemos enquanto viramos as páginas. Além disso, as tramas são divertidas e as versões diferenciadas de personagens famosos é um atrativo a mais.
Loki, por exemplo, não é um vilão clássico, como nas HQs da Marvel. É antes um espertalhão, que vive arrumando encrencas e muitas vezes, acaba tendo que livrar os deuses das confusões que ele mesmo arruma. Thor não é o galante guerreiro dos quadrinhos, mas um bruto meio atrasado das ideias que se sente melhor quando mata alguém.
Um dos melhores momentos do livro é o relato de quando o rei dos ogros rouba o martelo de Thor e exige em troca a mão da deusa Freya. Freya, mais linda das deusas, claro, recusa e Loki tem a ideia de vestir Thor de noiva e levá-lo ao reino do ogro. Toda a festa de casamento é hilária, com Thor comendo e bebendo como Thor e Loki tentando evitar que o rei ogro descubra o que está acontecendo. Quando finalmente resgata seu martelo, Thor, claro, mata todo mundo.
Gaiman consegue captar o humor, o drama, o épico e a poesia de cada uma dessas histórias.
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