domingo, dezembro 01, 2019

O homem que caiu na terra



O homem que caiu na terra é um livro escrito por Walter Tevis em 1963 que acabou se tornando cult, em especial graças ao filme de 1976 dirigido por Nicolas Roeg com David Bowie no papel principal. Agora a obra ganha uma edição especial belíssima da editora Darkside, com uma diagramação inovadora e belíssima a começar pela capa.
Na história, um extraterrestre vem para a terra e se faz passar por humano. Usando a tecnologia trazida de seu planeta, ele estabelece diversas patentes e, com o dinheiro acumulado, meio bilhão de dólares, pretende construir uma nave espacial. Seu planeta de origem foi destruído por guerras e sofre com escacez de água. Há aqui uma diferenciação entre o livro e o filme. No livro, ele quer trazer os poucos sobreviventes para a Terra. No filme, levar água para seu planeta natal.
Esse plot básico é usado por Tevis para discutir uma série de questões relacionadas à humanidade. É um livro repleto de metáforas, a começar pelo título, que ecoa diretamente a lenda da queda de ìcaro, o personagem mitológico que tenta fugir de Creta colando penas em seus braços e voando, mas se aproxima muito do sol, o que faz com que as penas se desgrudem. Como resultado, ele cai no mar e morre.
Aliás, o quadro “A queda de Ícaro”, do mestre renascentista Bruegel é citado diretamente na obra. No quadro, as pessoas continuam suas vidas normalmente, totalmente indiferentes ao sofrimento de ìcaro, que se afoga, suas pernas se agitando pateticamente na água.
O protagonista (cujo verdadeiro nome nunca sabemos) impacienta-se ao perceber que estamos fazendo com o nosso planeta a mesma coisa que foi feita com o seu: “Você percebe que não irão apenas destruição sua civilização como ela é hoje e matar a maior parte da população, mas também envenarão os peixes em seus rios, os esquilos em suas árvores, os bandos de pássaros, os solo e água? Às vezes vocês nos parecem macacos soltos em um museu, correndo com facas, rasgando os quadros e quebrando as estátuas com martelos”.
Triste e poético, O homem que caiu na terra levou a ficção científica a novos patamares, tornando-se um clássico absoluto do gênero.

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