Paulo Freire
é conhecido nacional e internacionalmente como um dos educadores mais
importantes do século XX. Seu método tinha como objetivo não só alfabetizar o
aluno, mas desenvolver nele a consciência crítica com relação ao mundo no qual
ele estava inserido.
Paulo Freire se destacar de outros
autores anteriores a ele ao destacar a importância da sociedade e da cultura na
educação.
Para
Freire, o homem o mundo que o rodeia, encontram-se em uma relação permanente e
o homem, transformando o mundo, se transforma a si próprio. A prática
pedagógica não pode ser separada da realidade na qual está inserida. Um exemplo
disso é a famosa frase “Vovô viu a uva”, usada por décadas em livros de
alfabetização para crianças que muitas vezes nunca viram uma uva. Eu mesmo me
lembro de livros didáticos em que falava de morango, algo que eu nunca tinha
visto.
Essa
importância de se conhecer o ambiente do aluno ficava claro no chamado “método
Paulo Freire de alfabetização”.
Ao
invés de alfabetizar utilizando palavras já delimitadas, o trabalho começava
com um diálogo com a comunidade para obter dela palavras de uso corrente. Essas
palavras, geralmente em número de sete (numa comunidade rural poderiam ser
instrumentos de trabalho, como enxada), refletiam a realidade cultural e social
na qual o aluno estava inserido. A partir dela eram feitas as discussões e suas
sílabas eram divididas e reunidas em composições diferentes, para formar outras
palavras.
Em 1962 o método Paulo Freire
conseguiu alfabetizar, no triângulo da miséria nordestino 300 trabalhadores em
apenas seis semanas. O sucesso despertou a atenção do governo João Goulart, que
pretendia utilizar o método em nível nacional, mas a iniciativa foi abortada
pelo golpe militar, que perseguiu Paulo Freire, considerado um agitador
comunista. Exilado no Chile e, posteriormente, na África, Freire continuou seu
trabalho e tornou-se uma referência mundial na área de educação.
Além de partir da realidade concreta
do aluno, de suas relações sociais e culturais, Paulo Freire acreditava que a
educação tinha objetivo formar um homem cada vez mais livre e dono de seu
próprio destino. Para Freire, esse objetivo era dificultado pelas relações de
opressão e pelo imperialismo cultural.
Nos
países periféricos, o homem tornava-se aquilo que os autores da área de
comunicação chamaram de massa. Alienado, ele era atraído pelo modo de vida da
sociedade dominante e não se comprometia com o mundo real. Sua cultura era
desvalorizada e considerada inferior com relação à dos dominadores (pude
perceber de perto isso quando dava aulas de quadrinhos e via meus alunos
ambientarem seus personagens em Nova York e chamarem seus protagonistas de John
e Mary).
O
próprio pensamento é alienado e massificador. O indivíduo, tornado massa,
apenas repete como papagaio o que ouviu do dominador. A única forma de
libertação vista era tornar-se ele também opressor. Assim, o oprimido admira e
procura imitar a cultura do opressor.
A educação tem como objetivo superar
esse estado de coisas. A superação da
relação opressor-oprimido é a base do método.
Outro
aspecto importante do método é que, nessa abordagem, a relação professor-aluno
não é vertical, mas horizontal. Para Paulo Freire, o processo educacional só se
realiza quando o educador se torna educando e o educando se torna educador. Por
isso a teoria é chamada de dialógica: o aprendizado se estabelece através de um
diálogo entre professor e aluno – uma quebra total com a educação tradicional,
em que o estudante entrava mudo e saía calado.
Esse
aspecto da teoria de Paulo Freire é diretamente influenciado pela cibernética,
escola da comunicação segundo a qual uma comunicação saudável é aquela em que o
receptor é capaz de estabelecer um feedback com o emissor, trocando de lugar
com ele no papel de emissor. Como numa boa conversa.
Sem comentários:
Enviar um comentário