Quando eu era criança, eu era meio Steve Rogers. Ou
seja, magro como um varapau. E, da mesma forma que Steve Rogers, eu era vítima
preferencial do valentão da turma.
As surras aconteciam geralmente nos dias de entrega
de notas, o que talvez fosse explicado pelas minhas boas notas e pelas
inevitáveis notas vermelhas dele.
Mas talvez tivesse a ver com o fato de que eu não
fugia nem me humilhava. Como Steve Rogers, eu apanhava de cabeça erguida. Mas
se Steve Rogers podia fazer isso o dia inteiro, eu simplesmente cansei de
apanhar.
Um dia mostrei a outra face e fiz um longo sermão
sobre como Jesus reprovava a violência. Como bom cristão, ele resolveu não me
bater.
Naquele dia.
No dia seguinte, quando mostrei a face, ele bateu
nela e na outra. Ele tinha aprendido como conciliar o cristianismo com as
surras.
Fica a dica: oferecer a outra face é a pior
alternativa se você não quiser apanhar.
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