O país dos cegos é um livro de contos de H. G. Wells lançado em 2014 pela editora Objetiva.
Wells foi uma das figuras fundadoras da ficção científica e é mais conhecido por suas incursões nesse gênero. O país dos cegos, no entanto, mostra que ele era também um mestre da fantasia e do policial.
O conto que dá título ao volume é o mais intrigante de uma coletânea de grandes textos. Difícil definir O país dos cegos: fantasia, parábola? Um antecessor do realismo fantástico?
Na história, um homem que acompanha uma expedição sofre um acidente e, após escapar miraculosamente da queda de uma montanha, se vê em um país em que todas as pessoas são cegas.
A frase “em terra de cego, quem tem um olho é rei” lhe vem logo à mente, mas as coisas não são tão simples. Para começar, é impossível explicar do que se trata a visão e a insistência no assunto faz com que os habitantes do local acreditem que estão diante de alguém com retardo mental.
Além disso, ele parece menos adaptado ao ambiente do que seus habitantes, que circulam facilmente pelo local graças a marcações feitas no caminho. Ademais, os habitantes do vale dormem de dia, quando está quente, e trabalham à noite, quando está frio – e nosso herói, incapaz de se movimentar adequadamente no escuro, é visto como inapto.
O conto poderia se encerrar assim, em uma metáfora sobre a cegueira de uma sociedade, mas vai muito além. Wells introduz até mesmo uma religião, surgida da cegueira. E o conto logo se torna um relato de suspense, quando um perigo pode dizimar a vila e o protagonista se vê incapaz de avisá-los. É um texto profundo, que deixa mais questionamentos do que certezas e nos permite discutir muitos aspectos da realidade e da sociedade.
Outro conto que se destaca é a A loja mágica, sobre um homem que entra com o filho em uma loja de truques e é surpreendido por uma sucessão de acontecimentos estranhos, que parecem revelar que o local é de fato mágico. O texto de Wells é divertido como uma apresentação de mágica, mas ao mesmo tempo tenso, pela suspeita de que pode haver algo a mais por trás daqueles truques. O senso de deslumbramento que vemos nesse conto lembra muito obras famosas de fantasia, como Harry Potter. É possível ver ali a fonte de textos de Stephen King, Neil Gaiman e Ray Bradbury. É fantasia no seu estado mais puro.
Os outros contos não decepcionam. Eles mostram como Wells era um gênio muito à frente de seu tempo, capaz de imaginar temas que só seriam plenamente explorados no futuro. Há um conto que antecipa o conceito de mundo invertido, de Strange Things, outro que parece ter sido inspiração para o super-heroi Flash. Outro antecipa as técnicas de verossimilhança usadas por H.P. Lovecraft, com o uso de citações e personagens falsos e verdadeiros.
Os outros contos não decepcionam. Eles mostram como Wells era um gênio muito à frente de seu tempo, capaz de imaginar temas que só seriam plenamente explorados no futuro. Há um conto que antecipa o conceito de mundo invertido, de Strange Things, outro que parece ter sido inspiração para o super-heroi Flash. Outro antecipa as técnicas de verossimilhança usadas por H.P. Lovecraft, com o uso de citações e personagens falsos e verdadeiros.
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