Certa vez o Rei acordou tão ocupado com seus sonhos de onipotência que se esqueceu de vestir roupa. Foi assim mesmo, nu, para a reunião com os ministros. Quando chegou, os ministros se entreolharam, mas ninguém teve coragem de dizer nada.
- E então, como estão os preparativos para minha caminhada triunfal por entre o povo? – perguntou o Rei.
Nisso um ministro se levantou:
- Vossa Majestade me desculpe, mas o Vossa Excelência não pode comparecer assim, sem roupas, entre o povo. Todos irão rir!
O Rei, sem se dignar a olhar para baixo, ficou furioso com o ministro:
- Como assim, estou sem roupa? Estou com a minha melhor roupa, trazida para mim do além-mar.
- Mas majestade, o senhor está sem roupa... – tentou argumentar o ministro, mas foi cortado pelo rei, que perguntava para os outros ministros:
- Por acaso estou sem roupa?
- Claro que não, majestade. – respondeu um ministro.
- Linda roupa, majestade. – disse outro.
- Nunca vi roupa tão esplêndida em toda a minha vida. – garantiu outro.
O Rei, com um sorriso no rosto se virou para o ministro atônito:
- Está vendo? Se estou dizendo que estou vestido é porque estou vestido. E não admito que me contradigam. Considero isso uma ofensa! Exijo que se retrate imediatamente, ou corto sua cabeça.
Dizendo isso, o Rei chamou dois guardas, que se postaram ao lado do ministro, prontos para usar suas afiadas cimitarras. O pobre homem, sem opção, ficou de joelhos e, de cabeça baixa, negou tudo que dissera antes.
O Rei, aproveitando que ele já estava numa posição conveniente, ordenou que um dos guardas lhe cortasse a cabeça.
MORAL DA HISTÓRIA: Dizer a verdade não garante a cabeça de ninguém quando se está lidando com o Rei.
sábado, fevereiro 29, 2020
A era e o poder do Twitter
O Twitter é um fenômeno mundial de dimensões grandiosas. Ele mudou a forma das pessoas se relacionarem e fazerem política. E mudou a forma das empresas se relacionarem com os clientes. Reflexo disso são duas publicações recentes voltadas para o uso microblog como ferramenta de Marketing: O poder do twitter , de Joel Comm (Gente, 268 p.) e A era do twitter, de Shel Israel (Campus, 274 p.).
Embora tenham objetivos semelhantes, são dois livros diferentes. O poder do twitter é uma espécie de manual, que ensina desde como criar sua conta à estratégias para conseguir mais seguidores. A era do twitter é mais um livro de cases, com histórias de sucesso e fracasso de empresas no mundo virtual. A origem do microblog é bem explicada nesse último. O twitter surgiu numa empresa chamada Odeo, de propriedade de Ev Williams, um ex-funcionário do Google e criador do Blogger, e Biz Stone, criador de um dos primeiros sites para desenvolvimento de blogs. O objetivo da empresa era fazer para o áudio on-line o que o Google fez para o texto on-line: ser um mecanismo de busca para arquivos de áudio e vídeo.
Mas a empresa enfrentava um problema sério: a maioria dos funcionários trabalhava em sua própria casa. Ninguém sabia exatamente quem estava fazendo o que. Convocar uma reunião, então, era um inferno: era quase impossível encontrar as pessoas quando se precisava delas. Quem trouxe a solução foi Jack Dorsey, arquiteto de software da Odeo. Quando era criança, ele ficou fascinado com a maneira como os veículos de emergência eram despachados - a tecnologia que direciona polícia, bombeiros, motoristas de ambulância para os locais em que fossem mais necessários. Para isso, ele resolveu usar o SMS, tecnologia mais popular de envio de mensagens de celular. Ele cortou vinte caracteres do tamanho do texto, de forma que as mensagens pudessem identificar o emissor. Mas a grande diferença é que os SMS eram enviados não a uma pessoa, mas a todo um grupo: se uma funcionária da Odeo postava, todos os outros funcionários saberiam que ela estava almoçando, a caminho do escritório ou trabalhando em casa. Era um microblog: "a conversa ia de uma pessoa a outra com facilidade e rapidez. A conversa fluía como um rio e logo foi chamada de tweetstream (ou apenas "stream" ou "fluxo")", conta Shell Israel.
A empresa ia registrar o serviço como Stat.us, mas o domínio já tinha dono. Acabou virando TWTTR seguindo a moda de suprimir as vogais, iniciada pelo Flickr. Logo se transformaria no TWITTER. O serviço, que havia sido criado para uso apenas interno, foi se alastrando. Os funcionários não conseguiam resistir à tentação de compartilhar essa nova ferramenta com os amigos, e logo uma multidão estava no serviço.
Qualquer outra empresa demitiria os funcionários que compartilhassem um serviço que deveria ser apenas interno, mas a Odeo não viu problemas nisso e logo o Twitter seria o principal sucesso da empresa e o acesso era tão grande que provocava bugs no site. Em conseqüência, surgiu um ícone popular: a baleia de manutenção, criação da artista chinesa Yi Yung Lu.
E logo o twitter teria papel fundamental para as novas empresas, seja para o bem, seja para o mal. Aliás, os melhores capítulos de A era do twitter são aqueles dedicados a empresas que se foram vítimas do microblog. Exemplo disso é a história da Motrin Mons, um analgésico. Em uma de suas campanhas, eles fizeram um vídeo para internet em que se mostrava como os acessórios para carregar bebês poderiam causar dores no corpo, que seriam aliviadas pelo analgésico. Era um anúncio divertido, para o público jovem. Mas uma mãe blogueira, Jessica Gottlieb, ficou indignada e afirmou no twitter: "É cruel fazer brincadeiras com mães de primeira viagem". A partir daí, a indignação contra a empresa se espalhou com rapidez na rede. A hashtag #Motrin Moms entrou para o Trending Topic daquela semana. A campanha contra a empresa se alastrou por outras mídias e foi até para o Youtube, em que um vídeo satirizava o comercial da empresa, em que uma mulher com implantes de silicone dizia: "vou suportar a dor, porque é uma dor boa. É para o meu marido".
O livro traz também bons exemplos, de empresas que estão se saindo bem usando o Twitter, mas essas curiosamente parecem menos interessantes, e muitas vezes o autor acaba perdendo a mão ao contar mais a história do responsável pelo sucesso da empresa no twitter do que o sucesso em si.
O livro de Joel Comm, embora seja bastante objetivo, traz sacadas interessantes. Uma delas que o Twitter é um ótimo veículo para pedir ajuda. Ele cita o caso, também relatado por Shel Israel, do estudante de jornalismo norte-americano que foi detido enquanto fotografava manifestações contra o governo do Egito. Uma única palavra ("Preso") salvou-o da prisão. Uma rede internacional se uniu para pressionar por sua liberdade.
Um exemplo igualmente dramático é dado por Shel Israel. Em 20 de dezembro de 2008 a escritora Jean Ann Van Krevelem estava num avião pronto para decolar no aeroporto de Portland, Oregon, com seu marido e filhos. A região enfrentava uma nevasca, mas os passageiros foram orientados a ficar em seus lugares. Não havia água ou comida no avião. Duas horas e meia depois os passageiros foram liberados para desembarcarem. Dez minutos depois, os passageiros foram novamente direcionados para embarque. Poucos tiveram tempo de comer ou beber algo. Pensavam que já iam decolar, mas passaram mais duas horas e meia parados. Muitos passageiros precisavam tomar remédios que estavam nas bagagens despachadas, pois acreditavam que a viagem seria curta.
Conforme Jean tuitava, a notícia se espalhava pela rede. Logo as emissoras locais souberam do fato, correram para o local e, diante da pressão, a empresa permitiu que os passageiros desembarcassem. Quando a escritora desembarcou, todos os jornalistas queriam saber o que era o tal de Twitter.
Joel Comm explora a maneira como as empresas podem aproveitar essa característica a seu favor, oferecendo ajuda às pessoas. Um ponto os dois autores têm em comum: eles defendem que o twitter não deve ser usado para mensagens unidirecionais: "Todo o site age como um fórum gigantesco, no qual especialistas em toda sorte de assunto estão dispostos a oferecer seus conselhos a praticamente qualquer um que os solicite (...) Toda vez que você responde, contribuiu para a conversa de alguém. Isso faz com que você seja uma parte valiosa da comunidade", escreve Joel Comm.
Ao comentar sobre uma empresa que usa o twitter apenas para enviar mensagens unidimensionais para seus clientes, Israel escreve: "Acho que Sinkov e eu tratamos 'amigos próximos' de forma diferente. Eu geralmente pergunto como as famílias vão, o que está acontecendo na vida deles. Meus amigos e eu falamos sobre esportes, livros, filmes e o tempo. Às vezes fazemos brincadeiras uns com os outros. Outras vezes, somos um ombro amigo e oferecemos apoio".
Nesse sentido, os dois livros defendem que as empresas devem ter no Twitter abordagens pessoais e coloquiais, preferencialmente de forma que os seguidores saibam com quem está falando. E, principalmente, que participem da conversa, e não usem os outros apenas como platéia.
Muitos políticos que entraram no twitter durante a última eleição deveriam ter lido ambos os livros.
Embora tenham objetivos semelhantes, são dois livros diferentes. O poder do twitter é uma espécie de manual, que ensina desde como criar sua conta à estratégias para conseguir mais seguidores. A era do twitter é mais um livro de cases, com histórias de sucesso e fracasso de empresas no mundo virtual. A origem do microblog é bem explicada nesse último. O twitter surgiu numa empresa chamada Odeo, de propriedade de Ev Williams, um ex-funcionário do Google e criador do Blogger, e Biz Stone, criador de um dos primeiros sites para desenvolvimento de blogs. O objetivo da empresa era fazer para o áudio on-line o que o Google fez para o texto on-line: ser um mecanismo de busca para arquivos de áudio e vídeo.
Mas a empresa enfrentava um problema sério: a maioria dos funcionários trabalhava em sua própria casa. Ninguém sabia exatamente quem estava fazendo o que. Convocar uma reunião, então, era um inferno: era quase impossível encontrar as pessoas quando se precisava delas. Quem trouxe a solução foi Jack Dorsey, arquiteto de software da Odeo. Quando era criança, ele ficou fascinado com a maneira como os veículos de emergência eram despachados - a tecnologia que direciona polícia, bombeiros, motoristas de ambulância para os locais em que fossem mais necessários. Para isso, ele resolveu usar o SMS, tecnologia mais popular de envio de mensagens de celular. Ele cortou vinte caracteres do tamanho do texto, de forma que as mensagens pudessem identificar o emissor. Mas a grande diferença é que os SMS eram enviados não a uma pessoa, mas a todo um grupo: se uma funcionária da Odeo postava, todos os outros funcionários saberiam que ela estava almoçando, a caminho do escritório ou trabalhando em casa. Era um microblog: "a conversa ia de uma pessoa a outra com facilidade e rapidez. A conversa fluía como um rio e logo foi chamada de tweetstream (ou apenas "stream" ou "fluxo")", conta Shell Israel.
A empresa ia registrar o serviço como Stat.us, mas o domínio já tinha dono. Acabou virando TWTTR seguindo a moda de suprimir as vogais, iniciada pelo Flickr. Logo se transformaria no TWITTER. O serviço, que havia sido criado para uso apenas interno, foi se alastrando. Os funcionários não conseguiam resistir à tentação de compartilhar essa nova ferramenta com os amigos, e logo uma multidão estava no serviço.
Qualquer outra empresa demitiria os funcionários que compartilhassem um serviço que deveria ser apenas interno, mas a Odeo não viu problemas nisso e logo o Twitter seria o principal sucesso da empresa e o acesso era tão grande que provocava bugs no site. Em conseqüência, surgiu um ícone popular: a baleia de manutenção, criação da artista chinesa Yi Yung Lu.
E logo o twitter teria papel fundamental para as novas empresas, seja para o bem, seja para o mal. Aliás, os melhores capítulos de A era do twitter são aqueles dedicados a empresas que se foram vítimas do microblog. Exemplo disso é a história da Motrin Mons, um analgésico. Em uma de suas campanhas, eles fizeram um vídeo para internet em que se mostrava como os acessórios para carregar bebês poderiam causar dores no corpo, que seriam aliviadas pelo analgésico. Era um anúncio divertido, para o público jovem. Mas uma mãe blogueira, Jessica Gottlieb, ficou indignada e afirmou no twitter: "É cruel fazer brincadeiras com mães de primeira viagem". A partir daí, a indignação contra a empresa se espalhou com rapidez na rede. A hashtag #Motrin Moms entrou para o Trending Topic daquela semana. A campanha contra a empresa se alastrou por outras mídias e foi até para o Youtube, em que um vídeo satirizava o comercial da empresa, em que uma mulher com implantes de silicone dizia: "vou suportar a dor, porque é uma dor boa. É para o meu marido".
O livro traz também bons exemplos, de empresas que estão se saindo bem usando o Twitter, mas essas curiosamente parecem menos interessantes, e muitas vezes o autor acaba perdendo a mão ao contar mais a história do responsável pelo sucesso da empresa no twitter do que o sucesso em si.
O livro de Joel Comm, embora seja bastante objetivo, traz sacadas interessantes. Uma delas que o Twitter é um ótimo veículo para pedir ajuda. Ele cita o caso, também relatado por Shel Israel, do estudante de jornalismo norte-americano que foi detido enquanto fotografava manifestações contra o governo do Egito. Uma única palavra ("Preso") salvou-o da prisão. Uma rede internacional se uniu para pressionar por sua liberdade.
Um exemplo igualmente dramático é dado por Shel Israel. Em 20 de dezembro de 2008 a escritora Jean Ann Van Krevelem estava num avião pronto para decolar no aeroporto de Portland, Oregon, com seu marido e filhos. A região enfrentava uma nevasca, mas os passageiros foram orientados a ficar em seus lugares. Não havia água ou comida no avião. Duas horas e meia depois os passageiros foram liberados para desembarcarem. Dez minutos depois, os passageiros foram novamente direcionados para embarque. Poucos tiveram tempo de comer ou beber algo. Pensavam que já iam decolar, mas passaram mais duas horas e meia parados. Muitos passageiros precisavam tomar remédios que estavam nas bagagens despachadas, pois acreditavam que a viagem seria curta.
Conforme Jean tuitava, a notícia se espalhava pela rede. Logo as emissoras locais souberam do fato, correram para o local e, diante da pressão, a empresa permitiu que os passageiros desembarcassem. Quando a escritora desembarcou, todos os jornalistas queriam saber o que era o tal de Twitter.
Joel Comm explora a maneira como as empresas podem aproveitar essa característica a seu favor, oferecendo ajuda às pessoas. Um ponto os dois autores têm em comum: eles defendem que o twitter não deve ser usado para mensagens unidirecionais: "Todo o site age como um fórum gigantesco, no qual especialistas em toda sorte de assunto estão dispostos a oferecer seus conselhos a praticamente qualquer um que os solicite (...) Toda vez que você responde, contribuiu para a conversa de alguém. Isso faz com que você seja uma parte valiosa da comunidade", escreve Joel Comm.
Ao comentar sobre uma empresa que usa o twitter apenas para enviar mensagens unidimensionais para seus clientes, Israel escreve: "Acho que Sinkov e eu tratamos 'amigos próximos' de forma diferente. Eu geralmente pergunto como as famílias vão, o que está acontecendo na vida deles. Meus amigos e eu falamos sobre esportes, livros, filmes e o tempo. Às vezes fazemos brincadeiras uns com os outros. Outras vezes, somos um ombro amigo e oferecemos apoio".
Nesse sentido, os dois livros defendem que as empresas devem ter no Twitter abordagens pessoais e coloquiais, preferencialmente de forma que os seguidores saibam com quem está falando. E, principalmente, que participem da conversa, e não usem os outros apenas como platéia.
Muitos políticos que entraram no twitter durante a última eleição deveriam ter lido ambos os livros.
Guia de viagem - Montevideo
Montevideo é uma boa opção de destino turístico
internacional para brasileiros. É fácil chegar na capital do Uruguai via carro
ou ônibus. E a cidade vale a pena, principalmente graças aos edifícios e
monumentos históricos.
Uma ressalva: cuidado com os hotéis. Alguns têm
fotos maquiadas no booking. O que ficamos foi um desses, Richmond. A diferença
entre o hotel real e o que eu lembrava era tão grande que fiz questão de entrar
no site do Booking novo para ver as fotos. Era o mesmo hotel, mas com fotos
maquiadas. Além disso, o box para banho era tão pequeno que o jeito foi tomar
banho com a cortina recolhida, o que molhava todo o banheiro.
Uma curiosidade é a praia. Montevideo tem muitos
quilômetros de praias belíssimas e uma extensa beira Rio. Os habitantes locais
descem dos prédios com suas cadeiras de armar, suas garrafas terminacas e cuias,
afinal um dos principais programas da cidade é tomar o tererê na beira da
praia. Talvez por todos já levarem suas própria bebida, não há quiosques ou
vencedores ambulantes vendendo água ou água de coco, como no Brasil. Então,
leve sua água.
Prepare o bolso. A comida é cara. A boa notícia é
que geralmente o cliente ganha um desconto se pagar no cartão. Então vale a
pena usar o cartão em restaurantes.
O prato típico do Uruguai é o chivito, um sanduíche
de prato com carne, batata frita, salada, ovo frito, carne, queijo e presunto.
Uma verdadeira bomba calórica, mas vale a pena experimentar.
Um dos locais mais conhecidos para se comer é o Mercado
Del Puerto. Ali o churrasco é preparado na hora, de uma forma muito diferente do
Brasil. Como usam madeira, ao invés de carvão, a carne é colocada ao lado do
fogo, e não em cima. Há um prato chamado parrilha, que é um mix de carnes. Para
carnívoros é literalmente um prato cheio. Além da carne costuma vir apenas um
acompanhamento, chamado de guarnição, que pode ser pão, arroz, batata frita,
purê ou salada, mas todos são pagos, então verifique o preço de tudo antes de
pedir.
Atenção: coma nós balcões e não nas mesas chiques.
Como chegamos cedo, vimos a organização. Eles simplesmente jogam no chão as
toalhas de mesa e guardanapos e separam os que estão muito sujos. Os que ainda
estiverem relativamente limpos são colocados de volta na mesa.
Próximo do mercado um restaurante que gostamos
muito foi o La Fonda, especializado em massas artesanais. As massas e molhos
são preparados na frente dos clientes. Comemos um nhoque com creme de champions
e nozes que estava simplesmente divino.
As massas são preparadas na hora, na frente do cliente. |
O prato que comemos: nhoque com molho de champions e nozes. |
Uma das vantagens de Montevideo é que a maioria dos
espaços públicos, como praças e praias, tem wi-fi gratuito, o que facilita
bastante para consultar um mapa ou chamar um Uber, então faça o login e
aproveite.
Uma
boa opção para conhecer a cidade é pegar o bus turístico, que percorre os
principais pontos turístico. Uma dica: se for descer em locais como o jardim
botânico, leve água: ao contrário do Brasil, não se encontra vendedores
ambulantes em nenhum local.Palácio Salvo, uma das atrações turísticas da cidade. |
Um dos locais mais interessantes da cidade é o Palácio Salvo, com a sua arquitetura única. Construído em... el foi durante algum tempo o mais alto da América Latina e ainda hoje está em funcionamento. É possível fazer uma visita orientada paga e subir no mirante, no qual é possível ver uma bela imagem da cidade por cima.
Vista da cidade a partir do mirante do Palácio Salvo |
Palácio Legislativo. |
Memorial aos últimos charrúas (índios que habitavam a região) no Jardim Botânico. |
A maconha é legalizada no Uruguai e pode ser encontrada em lojas. |
As propagandas da Coca-cola são com pin-ups. |
As lixeiras de Montevideo são uma atração à parte. |
Livraria Más Puro Verso. |
Praça Zabala |
A cidade fica à beira do rio da Prata. |
Teatro Solis. |
incrível arte fantástica de Moebius
Moebius revolucionou a ficção científica nos quadrinhos com suas imagens lisérgicas e histórias surreais em revistas como a Metal Hurlant. Confira abaixo alguns do desenho do mestre.
Marketing: o produto
Segundo a definição de Philiph Kotler, produto é tudo aquilo que satisfaz a necessidade do cliente. Uma pedra não é produto, mas a partir do momento em que alguém precisa de pedras (por exemplo, para uma construção) e alguém se habilita a retirar essa pedra e a entregar na casa do freguês, ela se tornou um produto.
Isso significa que, onde quer que exista uma necessidade, há uma oportunidade para a empresa atenta. Grandes empresas têm se destacado por conseguir vislumbrar oportunidades onde ninguém mais as via.
Há uma história sobre uma empresa de sapatos que pretendia exportar seus produtos para a África e enviou dois vendedores para verificarem o mercado local. Ao final de um determinado período, um deles ligou: “Chefe, cancele tudo. Não vai ser possível exportar sapatos para a África. Aqui ninguém usa sapatos!”. Pouco depois, o outro vendedor ligou: “Chefe, aumente a produção. Aqui ninguém usa sapatos, pois ninguém oferece o produto. Todo mundo vai querer e não vamos ter concorrência!”
Onde um vendedor viu risco, o outro viu oportunidade. De fato, o questão das pessoas não saberem que existe um produto não significa que elas não sintam necessidade dele. Os africanos da história não sabem os benefícios que sapatos confortáveis trazem e, assim que souberem, ficarão doidos para ter seu próprio par. Situações semelhantes já aconteceram no Brasil com o sabão em pó e o fio dental, produtos que não eram usados no país.
Existem três possibilidades de criar oportunidade de mercado, tanto para produtos como para serviços: 1) fornecer algo escasso; 2) fornecer, de maneira nova ou melhorada, um produto ou serviço que já existe; 3) oferecer um novo produto ou serviço.
Fornecer algo escasso é a situação mais simples, que exige pouco talento, apenas esperteza. As empresas como McDonald’s e Nike, que entraram no mercado de países recém-saídos do comunismo, fizeram isso. Antes, quando toda a produção era centralizada pelo Estado, as pessoas passavam horas na fila para comer um lanche ou comprar um par de tênis. Assim, quando essas empresas se instalaram nesses lugares, conseguiram lucros rápidos e fáceis.
Fornecer de maneira nova ou melhorada um produto ou serviço já existentes exige uma análise detalhada de mercado. É necessário ouvir o cliente para saber em que ponto ele está insatisfeito com o bem ou serviço atual. A percepção de que o cliente, dono de carro, não queria ficar preso ao álcool, mas gostaria de ter a possibilidade de economizar quando a gasolina estivesse muito alta, fez com que fosse criado o carro flex, que funciona tanto com álcool quanto com gasolina, ou com os dois misturados.
A percepção de que os consumidores jovens não estavam interessados em luxo, mas queriam viajar gastando pouco, fez com que a Gol apresentasse um novo modelo na aviação brasileira: o baixo preço, baixo custo. Na época em que a empresa surgiu, falava-se que seria um fiasco, pois o mercado era dominado por duas grandes concorrentes: a Varig e a TAM. No entanto, o modelo Gol deu tão certo que não só conquistou os jovens, como também as pessoas que não estavam acostumadas a viajar de avião, que achavam que “era coisa de rico”.
A Coca-Cola percebeu que havia uma grande quantidade de pessoas fanáticas por Coca, mas que não queriam engordar. Lançou, assim, a Coca Light e a Zero, um produto com gosto igual (ou quase), mas sem calorias. O resultado é um grande sucesso.
Quando a batata Pringles surgiu, já existiam outras similares, mas todas quebravam e ficavam moles depois que a embalagem era aberta. A melhoria apresentada por essa batata a fez conquistar mercado, mesmo com o alto preço.
Professor Marston e as Mulheres Maravilhas
A primeira cena do filme Professor Marston e as Mulheres Maravilhas é sintomático: crianças, orientadas por seus pais, levam seus gibis para uma praça e fazem uma fogueira na qual trepidam exemplares da revista estrelada da Mulher Maravilha, sob o olhar assustado de seu criador.
Embora provavelmente seja uma invenção, uma vez que a perseguição aos quadrinhos se tornou forte na década de 1950 e Marston morreu em 1947, a cena se torna uma síntese dos aspectos mais pungentes do filme dirigido por Angela Robinson e lançado em 2017.
A película conta a história de Wiliam Marston, psicólogo criador do detector de mentiras e da Mulher Maravilha e de sua família pouco convencional, formada por ele, sua esposa Elizabeth, uma ex-aluna, Olive Byrne em uma época extremamente conservadora e machista. Sua esposa, embora seja altamente qualificada (segundo alguns teria sido dela a ideia de usar a pressão sanguínea no detector de mentiras), só consegue emprego de secretária. E o próprio Marston tem dificuldades de arranjar emprego quando começam as fofocas sobre o relacionamento dos três. Uma época em que até mesmo o movimento feminista era conservador – a tia de Byrne, uma das decanas do feminismo norte-americano, mantém distância do trio com medo de comprometer o movimento.
O filme explora com sensibilidade a vida de Marston e de suas duas esposas e de como todas as experiências do trio contribuíram para a construção da personagem – da teoria DISC criada por Marston e ingorada pela academia, que servirá de base para as histórias, ao fascínio por aviões e a experiência com bondage e o detector de mentiras (que na personagem se transformará numa corda).
Uma das cenas mais emblemáticas e lindas é quando Byrne veste uma roupa “burlesca” em um clube fetichista e segura uma corda. A cena remete diretamente à personagem Mulher Maravilha.
Destaque para a direção inspirada, que torna belas e idílicas até mesmo cenas que poderiam se tornar pesadas sob mãos enos hábeis e para a atuação espetacular do trio de protagonistas. Aliás, a construção dos três personagens segue a teoria DISC criada por Marston: Elizabeth é a dominância, Marston a influência e Olive a submissão – há um plot twist no final, em que esses papéis se invertem.
Esse é um filme sobre preconceito contra o que é diferente e como esse preconceito muitas vezes eclode de maneira violenta. Mas é também um filme singelo e emocionante sobre amor: o amor entre o trio, o amor deles pela psicologia, o amor pelos quadrinhos...
A título de curiosidade, a Mulher Maravilha, após ser resgatada pelo feminismo na década de 1970 se tornou um símbolo do movimento – e o filme lançado recentemente foi a ponta de lança contra o assédio em Hollywood. E a teoria DISC, desprezada na época, hoje foi reabilitada e é moda, sendo muito usada em análise de padrões de comportamento e até em processos seletivos de empresas.
Floresta Negra, da dupla Gian-Bené
Floresta Negra foi a primeira história da dupla Gian-Bené. Foi também um divisor de águas para a arte de Bené, que até então era caracterizada pelo exagero, principalmente na musculatura dos personagens. Bené fez a história como uma homenagem a Hall Foster, criador do Príncipe Valente e, para simular o estilo do mestre, usou pincel para fazer a arte-final. Por outro lado, a diagramação, a perspectiva e a anatomia remetiam ao mestre José Luís Garcia-Lopez. Imagine Hall Foster mistura com Garcia-Lopez. Essa era a arte de Floresta Negra. Essa história marca a entrada de Bené numa fase totalmente madura de seu trabalho e virou instantaneamente um clássico.
Lembro que quando ele me mostrou os originais, fiquei maravilhado. Já gostava do traço do Bené, mas ali tinha um verdadeiro salto estético, algo que mostrava que ele seria o grande desenhista de terror dos anos 1990.
Confesso que quando ele me pediu para escrever o texto, senti um frio na barriga, mas aceitei. Bené tinha uma boa ideia de como seria o texto, inclusive no fato do demônio falar em rimas – uma referência direta ao personagem Etrigan, da DC, uma das grandes criações do mestre Jack Kirby.
A história acabou sendo publicada na revista Calafrio número 45 e fez grande sucesso com os leitores, fazendo o editor Rodolfo Zalla pedir mais histórias da dupla.
Uma curiosidade é que a revista Calafrio tinha uma estrutura que tinha que ser seguida por todas as histórias - e a floresta negra não se encaixava em nenhum dos modelos de roteiro deles. Aí o editor mudou o final para encaixar. No último quadro, quando o cavaleiro coloca o crucifixo para abençoar a floresta e afastar novos demônios, o texto mudou para: "Você coloca o crucifixo na árvore, pois sabe que agora é o novo DEMÔNIO DA FLORESTA NEGRA!!!", um texto totalmente em desacordo com o que o desenho mostrava.
Mestres do Terror 72 já está à venda
Ela está pronta. Mestres do Terror 72, a mais nova edição, desta vez dedicada ao lorde dos vampiros, o mais temido de todos, o inigualável e fascinante Drácula!
Na edição vocês encontrarão a HQ clássica do mestre Júlio Shimamoto que até onde se conhece é a primeira nacional do personagem, Shima também assina a capa. Anya A Filha de Drácula tem um confronto mortal com seu pai em Encontro De Família, por Lillo e Laudo. O príncipe valaquiano Vlad, que inspirou Bram Stoker a criar o personagem mítico, tem mais um capítulo de sua trajetória narrado por Sérgio Mhais e Rafael Feliczaki. Uma HQ de temática ecológica em que Pier de Queiroz e Marco Antônio Cortez fazem o conde vampiro encarar seu legado em Drácula 2500.
Ainda tem mais, nas sessões há as correspondências da Mala dos Mestres; Heidi Gisele Borges resenha o livro Vlad, A Última Confissão, que é o substrato das HQs do Vlad; a conversa de bastidores com novidades para 2020 na Falando em Primeira Pessoa; Sidemar de Castro em Cine Mestres do Terror comenta o filme Drácula - O Vampiro da Noite de Christopher Lee; Capas Clássicas, e a matéria especial sobre os quadrinhos de Drácula pelo mestre Toni Rodrigues, ele mesmo, o editor da fase áurea do título nos anos 1980/1990.
Mestres do Terror 72 tem 52 páginas no formato 20,5 x 28cm pelos mesmos R$15,00 de sempre.Os pedidos podem ser feitos através do e-mail revistacalafrio@gmail.com.
sexta-feira, fevereiro 28, 2020
Os marcianos estão chegando
Doutor era uma figura imponente. Do alto de seus um metro e sessenta, entrava nos locais batendo os pés, peito estufado, como um rei que desfila entre súditos. E à primeira oportunidade anunciava:
- Sou doutor!
Certa vez precisou ir ao médico e lá entrou, altivo, e anunciou:
- Sou doutor!
A recepcionista abaixou os óculos, consultou a agenda, e informou:
- O doutor já vai atendê-lo.
Mas como? Que desrespeito! Que afronta! Chamar o médico de doutor, sendo que doutor era ele!
Nem mesmo se consultou. A doença haveria de se curar sozinha.
Foi direto para o escritório de um advogado. Ia processar o médico. Ora essa: doutor era ele!
Na recepção perguntaram-lhe o nome e do que se tratava, ao que ele respondeu com um:
- Sou doutor!
O rapaz da recepção desculpou-se:
- O doutor advogado está atendendo um cliente, mas já vai recebê-lo.
Foi embora furibundo! Que maçada! Doutor era ele!
Apesar disso, vivia bem, feliz, e, de tempos em tempos recebia em sua casa seus únicos três amigos. Recebia-as com seu cumprimento familiar:
- Sou doutor!
Mas um dia essa vida pacata e feliz foi abalada por uma notícia terrível: um de seus amigos passara no doutorado!
Era incompreensível essa traição. “De nihilo nihil”, pensou ele, coçando os já ralos cabelos e repuxando a barba grande e grisalha. O que significava aquilo?
Aquela notícia foi sucedida por outra, ainda pior, ainda mais terrível: o segundo amigo agora também estava fazendo doutorado. “Aetatem habet, ipse sibi consulte expertus”, pensou ele, tentando a todo custo desvendar o que significava aquele emaranhado de más notícias: “Mala ultro adsunt”.
Então, quando a terceira má notícia rebentou, ele já mal conseguia dormir à noite: o terceiro amigo também estava no doutorado!
Como era possível? Traição! “Traição...”, lembrou-se o doutor “vem de traditio. Traditio, passar a diante...” mas, claro, porque não pensara nisso antes? Quando estava tudo claro! Agora tudo fazia sentido! “Qui nimium properat serius absolvit”!
Só havia uma explicação possível: o orientador de seu primeiro amigo só poderia ser um marciano! Marciano é um habitante de Marte, o deus da guerra, que viera colocar cizânia onde antes havia amizade.
Só podia ser um marciano. Mas se ele era um marciano, o orientador do segundo também só podia ser um marciano e também o orientador do terceiro!
Mas isso levava a uma conclusão ainda mais terrível. Se os três eram marcianos, também seus orientandos só podiam ser marcianos! Era essa ligação entre esses seis marcianos! “Veritatis simplex oratio”!
O Doutor achou que era sua obrigação alertar a sociedade e foi para a rua.
Ficava nos sinais, avisando a todos sobre os marcianos que estavam dominando a sociedade.
- Seu maluco, sai da rua! – gritaram de dentro de um carro que quase o atropelou.
- Alea jacta est! – retrucou ele.
Mas não adiantava alertar os outros se ele mesmo estava exposto. Era preciso fazer uma limpeza em casa. Assim, passou dois dias olhando atrás dos móveis procurando algum marciano que estivesse escondido. Felizmente não encontrou nenhum, mas nunca se sabia onde poderia estar um marciano.
- Optima citissime pereunt. – repetia, a cada cômodo vistoriado.
E havia algo mais grave, um perigo ainda maior: os vizinhos! Quantos deles seriam marcianos?
O Doutor comprou um binóculo e passou a espionar os vizinhos. Qualquer comportamento estranho poderia ser um indício. “Indício, do latim inditium, Amat victoria curam”, raciocinou ele.
E a realidade era assustadora! Um dos vizinhos comia cereal de bolinhas! O outro usava camisa amarela! O outro usava chinelos para tomar banho!
“Abusus non est usus, sed corruptela”, pensou ele “estou cercado de marcianos! Eles estão por todos os lados! Hic tua mercatur quia a te saepe precatur!”.
Quantas outras pessoas estariam envolvidas? Talvez o rapaz do mercadinho fosse um deles e estivesse tentando envenená-lo, o que explicaria a diarreia que tivera na semana passada: “Mammas atque tatas nimium conducit habere”.
A partir deste dia, ficou trancado em casa, vigiando a rua pela janela. Comia o que tinha e bebia água da torneira. Dormia apenas o suficiente e voltava para a janela, um revólver a postos na mão direita.
Uma noite eles vieram.
O disco voador pousou na frente de sua casa e de dentro dele saíram pequenos seres verdes vestidos de branco. Tinham bocas grandes, brancas e se comunicavam através de sons estranhos, que ele não conseguia identificar.
Não esperou que se aproximassem e atirou.
Quase acertou um deles e os marcianos se esconderam atrás do disco voador. Logo apareceu outro disco voador e outro.
O Doutor atirou neles, mas quando suas balas acabaram, eles invadiram sua casa e o levaram. Colocaram-no na nave espacial e levantaram voo. Que tipo de torturas terríveis esperavam por ele em Marte? Audaces fortuna juvat, timidosque repellit!
...
No dia seguinte, a rua acordou alvoroçada com a novidade. Entre as mais excitadas estavam duas velhinhas:
- Amiga, eu vi tudo! Ontem levaram o Doutor!
- Levaram? Quem levou?
- Os enfermeiros do hospício!
- Eu bem vi que ele andava estranho. Nem saía de casa. Da última vez que o vi ele veio me falar de marcianos...
- Ele atirou nos enfermeiros e tiveram que chamar a polícia.
- Coitado. Parecia uma pessoa tão ajuizada... professor... só tinha aquela mania estranha de obrigar todos a chamarem ele de doutor...
- E de falar aquelas frases estranhas em latim...
- Estudou muito, amiga. Estudou muito e deu nisso...
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