segunda-feira, abril 13, 2020

Fome de poder



O McDonald´s é a maior rede de fast food do mundo. É tão popular que simplemente mudou a forma como as pessoas se alimentam, em especial nos EUA. Mas, por trás de todo esse sucesso há toda uma história de traições, ganância e total falta de ética. É esse lado sujo da franquia que John Lee Hancock mostra no filme Fome de poder, disponível no Brasil pela Netflix.
O filme começa com Ray Kroc tentando inutilmente vender um mixer para produção de milk shake. Ele tenta em várias lanchonetes e drive thrus, sempre sem sucesso. O roteiro aproveita para mostrar o vendedor tentando almoçar e enfrentando os mais diversos problemas para isso: a comida que demora, o prato que vem errado.
É quando a firma recebe a encomenda de seis mixers de uma lanchonete na pequena cidade de Santo Antonio, na Califórnia e liga para saber se não houve um mal entendido, afinal ninguém nunca tinha pedido tantos aparelhos. E descobre que havia de fato um erro: eram oito, e não seis mixers. Incrédulo, ele visita o local e descobre, assustado que, o pedido sai exatamente o que ele pediu, no momento seguinte ao pagamento.
Os donos do local o convidam para conhecer a cozinha, feita ao estilo da linha de montagem de Ford: nela tudo é pensado para produzir o máximo de comida no menor tempo possível, de maneira totalmente padronizada (cada sanduíche deve ter exatamente a mesma quantidade de picles, mostarda e catchup). Eles também eliminaram do cardápio tudo que vendia pouco, concentrando-se nos pratos mais populares: hambúrguer e batata frita, vendidos em sacos, e não em pratos.
É também um ambiente familiar, ao contrário dos drive thru, invadidos por adolescentes rebeldes. Os donos, os irmãos McDonald´s, têm o sonho de transformar o restaurante numa fraquia com lojas caracterizada por grandes arcos dourados, mas suas tentativas se mostraram infrutíferas: os restaurantes abertos simplesmente não conseguiram manter o padrão de qualidade.
Ray Kroc, que já tentara de tudo na vida e fracassara em tudo, percebe ali a sua grande chance de se tornar finalmente milionário. Mas o que parecia uma parceria logo se revela uma arapuca: Kroc manobra até retirar a rede das mãos da dupla, chegando ao ponto até mesmo de proibi-los de usar o nome McDonald´s no restaurante original.
O título original era The Founder (o fundador), mas o título brasileiro é muito mais feliz e conta muito melhor a história: Fome de poder é a perfeita definição de Ray Kroc.

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