Prepare-se para se emocionar. Esse é o melhor
conselho para quem for assistir Milagre na cela 7, o filme turco que está
fazendo sucesso na Netflix.
A trama conta a história de um homem com
deficiência intelectual que é injustamente acusado e preso pela morte de uma
garota que escorregou de uma pedra e caiu no mar. Um homem, desertor do
exército, viu o que aconteceu e a menina filha do acusado tenta a todo custo
encontrá-lo para que ele testemunhe e livre seu pai da pena de morte.
É aquele tipo de filme que não só emociona,
como revolta: o homem com nítida deficiência cerebral é torturado e obrigado a
assinar, com a impressão digital, uma confissão. Depois, no julgamento, é
considerado são e condenado à forca. Quando chega à prisão, é espancado pelos
companheiros de cela.
Mas sua docilidade e inocência vão, aos poucos,
convencendo todos de que ele seria incapaz de matar alguém – todos, menos o pai
da garota morta e juiz, que o condena à forca mesmo com nítidos sinais de que o
homem tem deficiência cognitiva.
O ator Aras Bulut Iynemli, que interpreta o
protagonista, dá um verdadeiro show de interpretação, encarnando com perfeição
o ingênuo Memo, que apesar de tudo ainda acha que pode voltar para casa e
reencontrar a filha. Nisa Sofiya Aksongur, que interpreta a filha do
protagonista também se destaca.
Milagre na cela 17 é uma refilmagem turca de um
filme sul-coreano do mesmo nome. O filme também ganhou uma versão filipina e
vai ser refilmado na Indonésia este ano.
Em tempo: esse é um filme indicado para os que
pedem a volta do AI 5 e do regime militar. Na Turquia do filme a vontade de um
militar de alta patente prevalece sobre a justiça e até sobre a humanidade,
condenando um homem nitidamente inocente à pena de morte. Em regimes militares
é assim: militares fazem o que querem, quando querem e como querem. Não é por
acaso que, embora o filme seja originalmente sul-coreano, ele tem feito sucesso
em países com histórico autoritário-militar, como a Turquia, a Indonésia e as
Filipinas.
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