Em 1959, o desenhista Uderzo e os roteirista
Goscinny e Charlier estavam desempregados, depois de tentarem criar um
sindicato de quadrinista. A solução para continuar trabalhar foi criar sua própria
revista, a Pilote. Para o número de estréia, Goscinny e Uderzo criam o que
viria a ser o mais famoso quadrinho europeu de todos os tempos: Asterix. Mas
com Charlier, Uderzo criou uma outra série igualmente memorável: os aviadores
Tanguy e Laverdure.
A série surgiu devido ao amor de Uderzo por aviões
(seu sonho de infância era ser mecânico de aviões) e para contrapor outras séries
de sucesso na época, em especial Buck Danny, publicada na revista Spirou, e Dan
Cooper, publicada na Tintin.
No primeiro álbum, Charlier aproveita-se muito
bem da verve humorística de Uderzo e faz toda uma sequência de comédia de erros:
Laverdure aproveita a chegada dos dois na escola de pilotos e faz um vôo rasante,
levando ao chão um velhinho, que acaba se apresentando como coronel e, como
punição, manda os dois para a oficina, fazendo com que os dois fiquem
completamente sujos de graxa. Quando finalmente encontram o verdadeiro coronel,
amobs acham que se trata de novo impostor.
O roteiro aproveita duas paixões de Uderzo: humor e aviões. |
Mas logo a série embarca em sua especialidade: batalhas
aéreas e detalhes aeronáuticos. Charlier usa e abusa de termos técnicos: picada
com passagem invertida, tornneaus, picada acentuada, vrilles, immelmann. Já
Uderzo nitidamente se delicia desenhando detalhes dos aviões da época, os
uniformes, os porta-aviões.
Charlier equilibra bem os momentos mais “didáticos”
com os humorísticos, a ação e o suspense: logo os protagonistas são jogados no
meio de uma trama internacional quando um foguete francês cai no deserto e se
torna necessário resgatá-lo. Mas uma outra potência também está interessada no
aparelho e começam as batalhas aéreas. Só dois mestres como Uderzo e Charlier
para fazer com que sequências inteiras de aviões se enfrentando se tornem
interessantes.
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