quinta-feira, junho 25, 2020

Gerações, de John Byrne



Entre os vários trabalhos de John Byrne para a DC, um dos mais interessantes foi Gerações, publicado em 1999.
Gerações mostrava a evolução dos personagens Batman e Superman, os dois primeiros da DC com uma novidade: Byrne fazia os personagens envelhecerem (um ano para cada ano do mundo real). Além disso, ele mostrava os personagens como eles eram retratados naquele período – o que levou a críticas de aficionados por cronologias, mas é justamente um dos aspectos mais divertidos dessa minissérie.
Na primeira história, em 1939, o Superman é desenhado ao estilo de Joe Shuster, seu emblema é triangular e ele não voa, apenas pula. E Batman era chamado de Bat-man, tinha orelhas muito pontudas e uma capa que simulava as asas de um morcego. A razão disso é que era assim que esses personagens eram retratados nesse período.
Quando a história pula para 1959, Byrne simula o estilo amalucado da era de prata. Batman usa uma máscara praticamente sem orelhas de morcego, usa um girocóptero e enfrenta um galpão que ganhou vida, pés, mãos e rosto – e o vence cavalgando-o. Enquanto isso, Superman se transforma num monstro gigante e é salvo por Jimmy Olsen com um capacete mental. O capítulo é uma divertida homenagem à era de prata e aos enredos surreais do período.
Aliás, divertido é um ótimo adjetivo para essa mini. Mesmo depois, quando a história pula para 1999, uma época em que os quadrinhos se tornaram sombrios, o que vemos são sempre heróis sorridentes, sem muitos dramas de consciência ou dilemas. São heróis e ponto – algo que talvez falte ao gênero nos últimos tempos.
O sucesso foi tão grande que estimulou Byrne a fazer uma segunda série, Gerações 2, cobrindo alguns vácuos na história e introduzindo outros heróis da DC. A história de abertura, com Gavião Negro, Falcões Negros e outros heróis enfrentando nazistas é eletrizante. Além disso, é empolgante ver John Byrne desenhando diversos heróis da DC – embora aqui ele faça lápis e arte-final, o que deixa seu desenho menos detalhado.
Novamente o sucesso fez com que ele pensasse em uma continuação. Geração 3, no entanto, não foi uma boa ideia. Byrne já tinha usado todos os seus truques e preenchido todas as lacunas. Ele então resolveu fazer uma história grande – ao contrário das histórias curtas das séries anteriores – de invasão alienígena. Essa última não tinha o charme das outras e o roteiro era confuso.
Essa série sofreu nas edições brasileiras. Gerações 1 e 2 foram publicados pela Opera Graphica. Embora a impressão fosse boa, havia problemas de balonamento (em alguns momentos parecia que uma criança estava escrevendo o texto dos balões). Já Gerações 3 foi publicado pela Mythos, que botou um papel de qualidade ruim, uma impressão que deixava tudo muito escuro (o texto introdutório de Byrne é um bom exemplo desses problemas de impressão, sendo praticamente impossível de ler).

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