Após a saída da dupla Roger Stern – John Byrne
do título do Capitão América, no início dos anos 80, parecia difícil que o
sentinela da liberdade encontrasse uma equipe tão afinada. Foi quando entraram
JM DeMatteis e Mike Zeck.
Zeck era um grande desenhista, que combinava
perfeitamente com o personagem. E DeMatteis trouxe uma sensibilidade mais
humana e poética para o título.
Um ótimo exemplo disso é “Alguém se importa”,
publicada no Brasil no número 67 do almanaque do capitão américa, da editora
abril.
Na história, um amigo de infância de Steve
Rogers o reencontra. Quando eram pequenos, Rogers era um garoto magrelo que
apanhava constantemente dos valentões. Era esse amigo, Arnie Roth, que o
defendia. Agora a situação se inverteu: Rogers é um homem ainda jovem, forte,
esbelto, musculoso, enquanto Roth é um homem calvo, envelhecido e obeso. E Roth
está com problemas: um amigo foi sequestrado e ele precisa de ajuda do Capitão
América.
Em uma trama paralela, Bernie Rosenthal, a
namorada de Steve Rogers, salva uma velha mendiga do assédio de alguns garotos
e acaba se envolvendo em uma situação que pode ser fatal.
São duas tramas realistas, sem grandes vilões
(o roteiro coloca um robô gigante no meio da história, pois, afinal, essa é uma
história de super-heróis, não?), em que o foco são as pessoas. É o valentão
galanteador que se tornou um homem obeso e viciado em jogos, é a mulher
abandonada pelo marido que cai na miséria – dois personagens que acabam fazendo
coisas ruins não porque são maus, mas porque as circunstâncias os levaram a
isso.
Esse toque humano caracterizou toda a fase de
DeMatteis no título e antecipava grandes trabalhos desse roteirista nos anos
seguintes, como Moonshadow e Blood.
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