Alcinea Cavalcante é uma das mais importantes escritoras e jornalistas do Amapá. É também uma amiga querida, que admiro muito. Assim, para mim foi uma honra quando ela aceitou escrever o prefácio do meu livro Cabanagem. E o texto ficou incrível. Confiram:
Aqui está mais uma obra primorosa do premiado e respeitado
internacionalmente escritor Gian Danton. Autor de dezenas de livros sobre
jornalismo e quadrinhos, este é o terceiro romance dele. Trata-se de uma
história fantástica, instigante e que desperta a curiosidade do leitor para
conhecer um pouco mais sobre a Cabanagem (a revolta popular e social que
ocorreu na Província do Grão-Pará no período de 1835 a 1840) ir além dos livros
didáticos e saber que o movimento também chegou ao Amapá. Ah, mas houve
cabanagem no Amapá? Algum leitor poderá perguntar surpreso. Sim. E Gian Danton
explica muito bem. Para isso criou o
personagem Chico Patuá, que agregou e liderou índios, negros e caboclos que
atravessaram matas, rios e igarapés até chegarem em Mazagão, sempre perseguidos
pelo governo regencial que escalou para comandar seus soldados um psicopata, figura
recorrente nos romances de Danton.
Mas de Belém até Mazagão os cabanos se deparam com Matinta, Jurupari,
Cobra Norato, Mapinguari , seres fantásticos da floresta, que tanto podem
apoiar o grupo de Chico Patuá, como os soldados do psicopata Dom Rodrigo. E aí
a curiosidade do leitor é mais uma vez aguçada, desta feita sobre as
encantarias e lendas amazônicas.
O romance mistura história, fantasia, lendas e costumes da
região. A religiosidade também está retratada sutilmente na igreja de Mazagão,
que serviu de abrigo para os cabanos, e na maior manifestação cultural do
Amapá, o Marabaixo.
Para mostrar como a Cabanagem se espalhou por toda a
Amazônia e chegou ao Amapá, Gian Danton fez um minucioso trabalho de pesquisa,
mergulhou em livros, revistas, artigos e teses. “Mas a ideia de fazer um livro
histórico não me agradava. Eu queria fazer uma obra de fantasia
histórica”, disse o autor. E o resultado
aí está: uma belíssima e importante obra que mescla o fantástico com o real e
leva o leitor a uma viagem por essa parte da história tão pouco conhecida e
pelas lendas e encantarias. Millor Fernandes dizia que há livros que quando a
gente larga não quer mais pegar e outros que quando a gente pega não quer mais
largar. A “Cabanagem”, como os outros dois romances de Danton, são do tipo que
quando a gente pega não quer mais largar e quando chega ao final quer voltar
para o começo para ler de novo.
Para encerrar não poderia deixar de dizer da honra que senti
ao ser convidada para prefaciar este livro, mas devo dizer também que me sinto
tão pequena diante da grandeza do talento de Gian Danton e da grandiosidade do
conjunto de sua obra.
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