terça-feira, dezembro 29, 2020

A noite do deus negro

 


O número de estreia de coleção A espada selvagem de Conan, da Salvat-Panini trouxe as histórias publicadas na revista Savage Tales, publicação em preto e branco da Marvel voltada para o público adulto.
A comparação entre essas histórias e as HQ publicadas no comic book do personagem são interessantes por mostrar até que ponto a equipe criativa poderia ir quando não era premida pelo comics code.
Entre as obras-primas dessa coletânea está “A noite do deus negro”, adaptação de uma história original de Robert E. Howard com roteiro de Roy Thomas e desenhos de Gil Kane e arte-final de Neal Adams, Pablo Marcos e Vince Colleta.
Confesso que nunca gostei do traço de Kane, embora goste de suas composições. Mas aqui esse traço funciona muito bem, principalmente graças à arte-final inspirada.

A história é interessante, entre outros aspectos, por explorar algo do passado do personagem, em especial sua paixão por uma garota ciméria. O bárbaro volta para casa para encontrá-la, mas descobre que sua vila foi saqueada por guerreiros ruivos de Vanaheim e que a garota foi levada como prisioneira. O bárbaro então começa uma cruzada para resgatá-la.
O texto de Thomas é primoroso. Em uma splash page que resgata os principais fatos da cronologia do bárbaro até então (cortesia de Gil Kane numa de suas composições inspiradas), Thomas faz um texto que não só resgato os principais fatos ocorridos com o personagem até então, mas também cria uma ambientação textual para a história: “...ou nas garras esmagadoras de um homem com cabeça de serpente, e sob o olhar desmorto de um horror gerado nas estrelas... sim! E todas as estranhas maravilhas de um mundo invisível que existe escancarado entre a verdejante terra e os profunos e negros golfos de um maldito infinito”.
E a trama funciona muito bem - crédito, claro, para Robert E. Howard, mas também para seus adaptadores, inclusive na sua conexão com o personagem Kull.

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