sábado, janeiro 09, 2021

Calafrio 69

 


O número 69 é, até o momento, a melhor edição dessa nova fase da revista, reflexo direto do aumento constante de qualidade da revista, a começar pela bela capa de Cláudio Dutra.

A edição inicia com “Sopa de ossos”, de Kiko Garcia. Claramente influenciado por Flávio Colin, Kiko tem um estilo que se reflete principalmente no uso do claro escuro e nas figuras distorcidas. Na história, um velho andarilho pede para uma senhora uma panela para fazer uma sopa de ossos. É uma história tensa, em que o leitor sabe que algo terrível vai acontecer, mas não sabe o que.

Em seguida temos “A queda do paraíso”, de Ivan Lima (com texto final de Sid Castro). Na história um anjo e um demônio estão lutando quando se deparam com uma tribo de homens das cavernas. Ivan lima é um excelente desenhista e seu estilo funciona bem nessa HQ altamente alegórica.

Em “O tesouro do acampamento”, Sérgio Mhais e Juliano Kaapora continuam a saga do acampamento Fracassi. Dessa vez, o local recebe a visita de dois auditores da associação que os patrocina. Mas uma tentação sexual faz com a vistoria termine em tragédia (numa imagem final incrível).

Nas páginas centrais, a revista traz mais uma vez a série sobre psicopatas (de minha autoria), dessa vez tendo como foco o assassino do zodíaco. Os desenhos são de Eduardo Cardenas. Cardenas surgiu no meio quadrinístico na revista Calafrio no início da década de 90 e fez parte da geração que, junto comigo e o compadre Bené Nascimento, renovou o terror nacional à época. Mas depois ele abandonou os quadrinhos e só recentemente voltou ao meio. O trabalho que ele faz nessa página central é impressionante, com um jogo de luz e sombras, uma diagramação visualmente impactante... tudo funciona.

Reditus, de Rodrigo Ramos, traz a história de um homem que encontra um fantasma no meio da estrada. O traço lembra xilografia e chama atenção desde o primeiro quadro, como uma imagem do capô do carro em primeiro plano.

Monster chef é uma daquelas histórias que unem terror com humor ácido e erotismo. Na trama, um homem aborda uma garota num bar e ela lhe convida para jantar em sua casa. Difícil falar mais sem estragar o final surpresa. A história é de Ivan Lima e Rubens Lima, que desenha a HQ com brilhantismo. O cara tem talento para desnhar mulheres.

Fechando a edição, Roonc, de Bira Dantas, que traz sua experiência com o traço de humor para brincar com a lenda dos vampiros.

A edição traz ainda textos sobre a seita dos assassinos, vampiros no velho oeste e biografia de Ivan Lima.

Como se diz, uma edição para colecionador.

Em tempo, a revista pode ser adquirida através do e-mailrevistacalafrio@gmail.com.

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