quinta-feira, janeiro 28, 2021

O livro dos cinco anéis

 



Miyamoto Musashi foi o mais célebre samurai. Conseguindo sua primeira vitória em duelo aos 13 anos, Musashi nunca foi derrotado. Aos 30 anos, após vencer Sasaki Kojiro, um dos mais hábeis samurais da época, Musashi passou por uma grande mudança espiritual. Recolheu-se para buscar o significado mais profundo da luta das espadas. Para isso ele começa a meditar e a praticar pintura e caligrafia.
Aos 60 anos, escreve para seu discípulo um livro contendo seus ensinamentos e seu estilo, Niten Ichi Ryu. Essa obra, chamada o livro dos cinco anéis, se tornou um dos mais importantes livros de estratégia do Japão.
A obra foi publicada em edição bilíngue (português-japonês) em 2010 pela editora Conrad. É uma linda edição, com ilustrações e textos explicativos nas bordas.
O livro é interessante tanto para entender a cultura japonesa quanto para entender a estratégia de guerra. Segundo musashi, os mesmos princípios usados para derrotar um único homem podem ser usados para derrotar 10 milhões de inimigos. Para ele, um dos princípios básicos é que um guerreiro deve entender não só de batalhas, deve conhecer e dominar várias artes, não só a militar. Daí porque ele se dedicou a aprender pintura e caligrafia, por exemplo. Nesse sentido, o livro já era, naquela época, uma ode contra a hiper-especialização. Quanto mais amplo o conhecimento de alguém, maior a chance dele se destacar naquilo que é sua especialidade.
Muito da filosofia de Musashi vem do zen-budismo e podemos notar isso nos trechos em que ele recomenda saber reconhecer o tempo certo da ascensão e declínio de todas as coisas. Ou quando ele afirma que tanto no cotidiano quanto nos momentos de luta o espírito deve permanecer inalterado, alerta, perfeitamente tranquilo e equilibrado: “Nunca se permita paralisar, conserve o espírito sempre livre, mas de prontidão. Mesmo com o corpo relaxado em situações de repouso, mantenha o espírito alerta e, quando o corpo estiver agitado, o espírito deve permanecer tranquilo”.
O autor orienta a conhecer o ambiente em que se dará a luta e usá-lo a seu favor: por exemplo, colocar-se na posição de combate com as costas voltadas para o sol, ou de houver um fogueira, com as costas voltadas para a fogueira.
Um dos capítulos mais interessantes do livro, fundamento básico da estratégia de guerra é aquilo que ele chama de “pressionar contra ao travesseiro”. A técnica consiste em nunca deixar que o adversário comande seus movimentos: “É fundamental, a qualquer custo, subjugá-lo à sua vontade (...) O importante na estratégia militar é neutralizar as ações úteis do oponente e permitir as inúteis”.
São dicas que nitidamente têm aplicação não só na guerra, mas no marketing, no marketing político ou qualquer outra situação em que uma pessoa ou organização se deparada com algum tipo de adversário.  

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