Um encontro entre o homem morcego e o gigante esmeralda é um desafio absoluto de roteiro. A diferença de poder entre os dois é tão gritante que torna qualquer trama difícil, ainda mais uma trama que deixasse os dois personagens com igual nível de protagonismo, como queria a direção das duas editoras.
Wein escolhe como vilões o Coringa e o Figurador, um personagem alienígena capaz de transformar sonhos em realidades, e usa esses dois personagens numa trama bem elaborada e muito mais complexa do que o crossover anterior das duas editoras.
Para começo de conversa, o Figurador não é retratado como um vilão clássico. Enquanto na DC a diferença entre heróis e vilões é uma linha muito clara, na Marvel essa diferença é muitas vezes é apenas de intenção – e outras vezes nem isso. Conhecendo bem a diferença entre as duas abordagens, Wein as explora corretamente. Assim, o Coringa quer transformar o mundo à sua semelhança (nessa época ele ainda não havia se transformado no psicopata que conhecemos atualmente), enquanto o Figurador só quer uma maneira de se salvar.
Na parte dos heróis, tirando um ou outro roteirismo (como Batman chutando a barriga do Hulk e fazendo-o aspirar um gás), temos uma boa dinâmica. Não fica óbvio que a coisa foi pensada milimetricamente para nenhum dos dois ter protagonismo.
Quanto aos desenhos... Garcia-Lopez conta que quando o convidaram para o projeto, mostraram o crossover anterior, desenhado por Ross Andru e ele duvidou que pudesse fazer algo tão bom. Não só fez, como superou o mestre Ross. Com arte final de Dick Giordano, o artista argentino faz com que cada página seja um deleite de dinamismo e perspectiva. Pena que o formatinho da Abril não favoreça a apreciação da arte.
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