Em 1907, Pierre Lafitte, editor da revista
francesa Je sais tout encomendou ao
escritor Maurice Leblanc uma versão
francesa do famoso detetive inglês Sherlock Holmes. Leblanc, ao invés de criar
um detetive, criou um ladrão anarquista, Arsène Lupin, cuja principal
ocupação é enganar a polícia, socorrer os fracos e debochar dos burgueses.
Esse personagem, que se
tornou extremamente popular na frança, é a base da série Lupin, da Netflix.
Na história, Assane Diop é
um fã inventerado de Lupin que embarca numa jornada com o objetivo de provar a
inocência de seu pai, que morreu na prisão ao ser acusado de roubar um colar.
Para conseguir seu
objetivo, ele empreende diversos roubos, incluindo o colar da rainha – numa sequencia
que toma todo o primeiro episódio. Ali, nessa primeira parte, vemos o novo
Lupin em todo o seu esplendor: um ladrão que consegue enganar a todos
(inclusive o expectador), roubando um item extremamente valioso na frente de uma
multidão. Um ladrão que ao invés de armas ou violência usa a inteligência e a
habilidade.
Assane é interpretado pelo
ator francês Omar Sy, conhecido entre nós pelo filme Intocáveis, e que é um dos
grandes responsáveis pelo sucesso da série (ela chegou a ficar em primeiro
lugar na Netflix brasileira). A ousadia de colocar um ator negro como
protagonista da história em si já foi uma escolha corajosa, e ajuda a refletir
questões sociais, como a exploração colonial e a imigração. Mas Omar Sy
surpreende ao entregar uma atuação inspirada, que vai do humor à ação e à astúcia
com muita facilidade.
Ajuda muito também a trilha
sonora, que casada com a direção, torna empolgantes as sequencias de golpes.
O problema é que o Lupin
da literatura é um ladrão que nunca é pego e que parece estar sempre um passo à
frente de seus inimigos. Na série, o protagonista age dessa forma nos primeiros
capítulos, mas tudo escapa do controle nos últimos capítulos. Com a segunda
temporada está confirmada, esperamos que isso seja apenas um gancho para uma
reviravolta no melhor estilo do ladrão de casaca.
Sem comentários:
Enviar um comentário