Crise nas infinitas Terras surgiu como uma forma de organizar o universo DC, com tantos universos e tantos personagens que nem mesmo os roteiristas conseguiam entender toda aquela confusão. Mas também tinha o objetivo de ser uma obra grandiosa e isso fica óbvio já nas primeiras páginas, que mostra a destruição da Terra 3.
A terra 3 era uma versão de nosso universo em que os vilões
tinham tomado o poder, mais especificamente uma versão vilanesca da Liga da Justiça,
com personagens como Relâmpago (equivalente ao Flash), Coruja (equivalente ao
Batman) e Ultraman (equivalente ao Superman).
É o personagem Coruja que resume o sentimento dos heróis ao
observar seu mundo ser destruído: “Por anos usamos nossos poderes para nos
tornarmos os senhores da Terra! Nada podia nos deter... nem mesmo o único
super-herói do planeta, Luthor. Mas agora, vamos simplesmente morrer como resto
do rebanho”.
E os personagens vão sendo tragados um a um pela muralha de
antimatéria. Em contraste com Guerras Secretas, da Marvel, em que ninguém
morria de fato, esse começo é um divisor de águas e uma demonstração de que Crise
elevava os quadrinhos de super-heróis a um outro nível.
Precursora recruta heróis e vilões.
Em uma sequência que emula a origem do super-homem, Luthor
envia seu filho recém-nascido em uma pequena nave para outra dimensão, mas essa
nave é sequestrada por algum ser misterioso cujos objetivos nós não conhecemos.
A narrativa pula para Percursora, uma personagem criada
para a série, conversando com um ser misterioso (Marv Wolfman vai jogando os
ganchos e ao mesmo tempo trabalhando o suspense, provocando o interesse dos
leitores). “Nossa maior esperança residente tanto nos heróis quantos vilões
lutando uns ao lado dos outros”, diz a figura misteriosa... e a moça é ordenada
a percorrer as dimensões, coletando personagens que vão do Besouro Azul a
Solovar, o macaco governante de Gorila City, passando pelo Superman da terra 2,
um senhor de meia idade – o que nos leva a pensar qual o motivo para reunir
figuras tão dispares e que tipo de impacto real eles poderiam ter sobre os
acontecimentos.
Esse grupo, reunido no satélite do Monitor, é atacado por
figuras fantasmagóricas antes da aparição do próprio Monitor: “Eu os convoquei
porque seus universos estão prestes a morrer!”.
Para além do belíssimo desenho de George Perez e sua destreza
para desenhar dezenas de personagens em um só quadro, chama atenção o cuidado
de Marv Wolfman ao construir o roteiro. Começar com uma sequência de impacto conquista
o leitor logo de cara e depois cada elemento vai sendo colocado na história
como um quebra cabeça, deixando sempre informações pendentes para o leitor, de
modo a criar suspense.
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