No final do ano de 2000 a internet nos EUA foi abalada por um fenômeno sem precedentes: o lançamento do e-book Riding the Bullet (Montando na bala), de Stephen King. O interesse foi tamanho que os sites envolvidos chegaram a travar.
A história é aparentemente prosaica. Alan Parker é um
estudante da Universidade do Maine quando recebe uma ligação dizendo que sua
mãe teve um derrame e foi internada. Desesperado, ele pega uma mochila e sai
pela estrada pedindo carona. E acaba descobrindo, tarde demais, que a pessoa
que lhe deu carona na verdade já está morta.
Por trás dessa trama fantasmagórica se esconde uma
história de forte teor humano. Riding nos faz pensar sobre nossa relação com as
pessoas queridas e o que elas representam para nós. É muito mais uma história
sobre a morte e a vida. Não por acaso, King a escreveu quando estava em uma
cama de hospital, vítima de atropelamento quase fatal.
Em Riding vemos o autor de Carrie em sua plena forma, com
um terror que se encontra nos detalhes. King não precisa de monstros para
provocar medo. A tensão pode estar na forma de alguém puxar a calça, ou em um
cheiro de morte. Detalhes assim nos fazem entrar na história.
A única falha tem relação justamente com a mídia
encontrada para divulgar o volume. São aproximadamente 60 páginas e King
escreveu direto, sem fazer sequer capítulos. A tendência dos e-books são
capítulos curtos, que permitem ao leitor interromper a leitura na tela no
momento em que quiser. Ou seja, Riding é
um livro virtual que não tem característica de livros virtuais.
Futuramente, esse conto lançado de forma virtual foi
incluído na coletânea Tudo é eventual, lançado aqui em 2005 pela editora
Objetiva. A tradução ficou como Andando na bala.
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