Eu leio quadrinhos desde
criança. Disney, Turma da Mônica, Recruta Zero. Mas comecei a me tornar de fato
um colecionador de quadrinhos quando descobri os gibis da Marvel, mais
especificamente Superaventuras Marvel. A primeira que li, numa fila de banco,
foi a número 4, mas comecei a comprar de fato, a partir do número 24, início da
saga da Fênix. A partir daí, comecei a rastrear os sebos em busca de números
atrasados. Mas nunca encontrei aquele número 4 que eu havia lido na fila de
banco nem as anteriores. Enfim, decidi adquirir fac símiles.
Folhear essas quatro
primeiras edições é uma viagem aos primórdios da Marvel na Abril e permite
perceber porque essa revista se tornou a mais querida entre os fãs. O material
ali reunido era simplesmente espetacular, selecionado a dedo.
Havia Conan, na fase de Roy
Thomas e Barry Smith. Havia o Pantera Negra, de Don McGregor e Rick Buckler.
Havia Luke Cage, de Archie Goodwin e George Tuska.
Já nesses primeiros número
podem ser encontrados verdadeiros clássicos. A história Este mundo
enlouquecido, de Stan e Barry Smith, entraria fácil em qualquer lista das
melhores histórias do Dr. Estranho de todos os tempos. Uma HQ surpreendente em
que o mestre das artes místicas enfrenta uma noite em que tudo pode acontecer.
Mas a grande atração nesses
primeiros números era o Demolidor. Das quatro primeiras edições, ele aparece na
capa em três (infelizmente nenhuma com desenhos de Miller). Nesse período, a
série ainda contava com roteiros de Roger Mackenzie, mas o talento de Miller
para a narrativa gráfica já se destacava. Era fácil ver o quanto aquilo era
revolucionário. Destaque para a tocante história “Revelação”, publicada no
número 3, em que o repórter Bem Urich descobre a identidade secreta do
Demolidor, o que é usado como descupa para recontar a origem do personagem.
Incrível a sequência em que o herói inicialmente tenta negar: “Ora, Bem...
deixe de brincadeiras! é claro que não sou Matt Murdock! Além do mais... eu não
tenho que provar nada para você! Isso tudo é um absurdo! Isso tudo é... é
verdade!”. Tudo isso dividido em seis quadros numa narrativa imersiva como só Frank
Miller sabia fazer.
Outra atração eram as
cartas, que revelam uma época de grande ingenuidade, em que as pessoas tinham
pouquíssimas informações. No número 3, por exemplo, o leitor Pedro Polo, de
Londrina-PR, perguntou porque os nomes dos desenhistas e argumentistas eram
americanos. O redator pacientemente explicou que as histórias em feitas nos
EUA. No mesmo número, Fernando Santos, de São Paulo, informava que tinha criado
o clube S.H.I.E.L.D e pedia para quem queria se tornar um agente escrevesse
para ele.
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