quarta-feira, julho 28, 2021

Homem-aranha e X-men na terra selvagem

 


Para inaugurar a revista Marvel Fanfare, em 1982 a casa das ideias resgatou uma história Chris Claremont, a grande estrela da editora. Junto com John Byrne ele havia transformado os X-men, um título de segundo escalão, em campeão absoluto de vendas. Para a aventura de estreia da nova revista, foi escolhida uma história grandiosa, que unia o Homem-aranha, os X-men e Kazar, mas não tinha sido publicada na época em que deveria e estava fora da cronologia (a Marvel Fanfare havia sido criada especificamente para publicar esse tipo de história). Essa história foi publicada no Brasil em Mavel especial 6, uma revista tão valorizada que me foi roubada duas vezes (foi a partir desse primeiro roubo que comecei a assinar meus exemplares – eu levei para a escola, um amigo roubou, assinou e no dia seguinte apareceu dizendo que tinha comprado).
Na história, Tania Andersen, namorada de Karl Lykos, consegue convencer o Anjo a ir para a terra selvagem procurar por seu amado. Peter Parker vai na expedição como enviado do Clarin (impressionante a disponibilidade de JJ Jameson para pagar viagens internacionais para seus funcionários!). Lá eles se deparam com o vilão Imago e seus comparsas, que usam um aparelho para reverter evolutivamente os prisioneiros. No processo, para salvar sua namorada e os outros, Lykos acaba se transformando no vilão Sauron, um pterodátilo inteligente. Na segunda parte da história, os X-men enfrentam Sauron com a ajuda de Kazar.
Uma das curiosidades dessa história é que ela foi desenhada por três artistas e tudo muda de um capítulo para o outro, inclusive o ritmo narrativo. Como na Marvel os desenhistas têm mais liberdade para estabelecer a narrativa visual, o texto de Claremont vai se adaptando a cada caso.
A grande estrela dessa edição é Michael Golden, com sua diagramação inovadora e seu traço detalhista – é também quem mais perde com o formatinho. Algumas sequências, como a splash page de Kazar enfrentando o tiranossauro, são um verdadeiro espetáculo visual.Infelizmente Golden deve ter sido a razão da história não ter saído na época correta: ele era famoso por não cumprir os prazos.
O desenho de Michael Golden foi o grande destaque da edição.

A entrada de Dave Cockrum na segunda parte parece um retrocesso diante do verdadeiro espetáculo nos capítulos desenhados por Golden. Cocrkum tinha um traço mais funcional e, curiosamente, isso de alguma forma fazia com que Claremont soltasse mais o seu lado noveleiro, enchendo os balões de pensamento dos personagens, mas sem comprometer a história (futuramente Claremont transformaria essa característica num verdadeiro defeito).
A última parte é desenhada por Paul Smith com arte-final de Terry Austin e é uma volta ao deslumbre visual. A dupla se esmera especialmente ao desenhar Ororo, provavelmente para alegria de Claremont, que adorava a personagem.
No final, essa aventura na Terra selvagem é um daqueles crossover inesquecíveis, numa época em que crossover era algo extremamente raro.

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