domingo, julho 25, 2021

X-men – O início da saga da Fênix Negra



A saga da Fênix Negra foi o ponto máximo de um longo processo que transformou a revista dos mutantes de um azarão sempre à beira do cancelamento na revista mais vendida da Marvel.

Essa grande e revolucionária saga começa em The Uncanny X-men 129. É curioso como uma história que iria sacudir o universo Marvel tenha começado de maneira tão pouco impactante. Nos quadrinhos Marvel, a splash page de abertura geralmente mostra uma espetacular cena de ação ou uma situação inusitada, que estimula a imaginação do leitor. Aqui a splash page é usada para mostrar apenas a despedida dos X-men dos que iriam ficar na Escócia logo após a derrota de Proteus. Banshee está sem poderes e prefere ficar consolando Moira após a morte do filho. O Homem múltiplo, Destrutor e Polaris preferem se manter longe da vida de super-heróis. Essa sequencia inicial é Chris Claremont desenvolvendo os personagens e estabelecendo o estilo novelão que caracterizaria os mutantes.

Uma splash page atípica. 


Enquanto isso, mestre Mental volta a invadir a mente da Fênix fazendo-a acreditar que está vivenciando a vida de uma antepassada do século XIX, um gancho para a parte principal da trama.

Mas logo as coisas esquentam quando a equipe se separa para contactar dois novos mutantes descobertos pelo cérebro.

O professor Xavier, Tempestade, Wolverine, Colossus e Ororo vão para Chicago, tentar convencer os pais de Kitty Pride a matriculá-la no colégio para jovens superdotados. Na mesma sequência a garota vai, aos poucos descobrindo seus poderes.

Claremont manipula muito bem o roteiro para mostrar esse processo como um desabrochar equivalente à puberdade, num paralelo direto com Carrie, de Stephen King: “Ô cabecinha, dá um tempo... o que eu fiz de errado, hein? Putz, como dói! Esta é a pior de todas! Deus, eu só tenho 13 anos e meio! Não posso morrer!”, desespera-se a menina.

Os X-men são atacados e Kitty Pride descobre seus poderes. 


Assim que surgiu, Kitty conquistou rapidamente a simpatia dos leitores. Ela era também um ponto de referencia para novos leitores que estavam chegando à revista naquela época, estimulados pelo buxixo provocado pela qualidade das histórias da dupla Claremont-Byrne.

Assim como esses leitores, ela estava descobrindo o mundo mutante e seus perigos. Perigos que logo aparecem quando homens com armaduras invadem a sorveteria onde ela, Ororo, Colossus e Wolverine estão. É nessa sequencia que temos também a primeira visão da rainha branca em sua roupa fetichista e seu fantástico poder mental. Poder, aliás, magistralmente ilustrado por John Byrne numa imagem em que os X-men, atingidos por sua rajada psíquica, são mostrados apenas em linhas e envoltos numa aura branca e vermelha.

Para as pessoas da minha geração, essa história prometia muito... e não decepcionou. 

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