A saga da Fênix Negra foi o
ponto máximo de um longo processo que transformou a revista dos mutantes de um
azarão sempre à beira do cancelamento na revista mais vendida da Marvel.
Essa grande e revolucionária
saga começa em The Uncanny X-men 129. É curioso como uma história que iria
sacudir o universo Marvel tenha começado de maneira tão pouco impactante. Nos
quadrinhos Marvel, a splash page de abertura geralmente mostra uma espetacular
cena de ação ou uma situação inusitada, que estimula a imaginação do leitor.
Aqui a splash page é usada para mostrar apenas a despedida dos X-men dos que
iriam ficar na Escócia logo após a derrota de Proteus. Banshee está sem poderes
e prefere ficar consolando Moira após a morte do filho. O Homem múltiplo,
Destrutor e Polaris preferem se manter longe da vida de super-heróis. Essa
sequencia inicial é Chris Claremont desenvolvendo os personagens e
estabelecendo o estilo novelão que caracterizaria os mutantes.
Enquanto isso, mestre Mental
volta a invadir a mente da Fênix fazendo-a acreditar que está vivenciando a
vida de uma antepassada do século XIX, um gancho para a parte principal da
trama.
Mas logo as coisas esquentam
quando a equipe se separa para contactar dois novos mutantes descobertos pelo
cérebro.
O professor Xavier,
Tempestade, Wolverine, Colossus e Ororo vão para Chicago, tentar convencer os
pais de Kitty Pride a matriculá-la no colégio para jovens superdotados. Na
mesma sequência a garota vai, aos poucos descobrindo seus poderes.
Claremont manipula muito bem
o roteiro para mostrar esse processo como um desabrochar equivalente à
puberdade, num paralelo direto com Carrie, de Stephen King: “Ô cabecinha, dá um
tempo... o que eu fiz de errado, hein? Putz, como dói! Esta é a pior de todas!
Deus, eu só tenho 13 anos e meio! Não posso morrer!”, desespera-se a menina.
Os X-men são atacados e Kitty Pride descobre seus poderes.
Assim que surgiu, Kitty
conquistou rapidamente a simpatia dos leitores. Ela era também um ponto de
referencia para novos leitores que estavam chegando à revista naquela época,
estimulados pelo buxixo provocado pela qualidade das histórias da dupla
Claremont-Byrne.
Assim como esses leitores,
ela estava descobrindo o mundo mutante e seus perigos. Perigos que logo
aparecem quando homens com armaduras invadem a sorveteria onde ela, Ororo,
Colossus e Wolverine estão. É nessa sequencia que temos também a primeira visão
da rainha branca em sua roupa fetichista e seu fantástico poder mental. Poder,
aliás, magistralmente ilustrado por John Byrne numa imagem em que os X-men,
atingidos por sua rajada psíquica, são mostrados apenas em linhas e envoltos
numa aura branca e vermelha.
Para as pessoas da minha
geração, essa história prometia muito... e não decepcionou.
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