Cursed é a nova série da Netflix explorando os mitos arturianos. A série é baseada no livro de Tom Wheeler com ilustrações de Frank Miller. Os dois, aliás, são produtores da versão televisiva.
A história tem como protagonista Nimue, a dama do lago, que nas narrativas medievais, entrega a espada para Arthur.
Mas Tom Wheeler faz uma tremenda salada, aproveitando apenas os nomes de personagens como Morgana, Lancelot, Arthur, Percival e mudando todo o resto. E acrescenta uma raça de seres mitológicos, os feéricos da qual a dama do lago faria parte.
Na história, os feéricos estariam sendo massacrados por um grupo de fanáticos religiosos, os paladinos vermelhos, e os poderes de Minue em conjunto com a espada mágica seriam a única chance de sobrevivência da espécie.
Will Eisner dizia que nos quadrinhos quando a história era realista, a diagramação poderia ser mais ousada e inovadora. Já em histórias de fantasia, a diagramação deveria ser mais conservadora, pois isso ajudaria o leitor a aceitar aqueles fatos estranhos como reais. O mesmo pode ser dito sobre séries de TV. E Cursed peca exatamente nisso: é uma trama mirabolante, fantasiosa, contada de uma forma que não ajuda a verossimilhança. Pense em todos os exageros de Frank Miller e ele estarão presentes em Cursed. À certa altura, por exemplo, uma das freiras decide se tornar uma paladina vermelha. Na cena seguinte ela aparece indo embora enquanto o convento queima ao fundo.
Até mesmo as transições entre uma cena e outra pecam nesse sentido, ao mostrarem a continuação da cena ou a cena seguinte em desenhos (provavelmente uma referência às ilustrações de Miller), o que prejudica ainda mais a verossimilhança.
Falta também profundidade aos personagens, tanto que muitas vezes suas mortes praticamente não são sentidas pelos expectadores. No último episódio, por exemplo, um dos chefes feéricos morre e a direção dá um destaque dramático enorme para sua morte, mas mal sabemos quem é ele.
Ilustração de Frank Miller para o livro. |
A série conta com o ótimo Gustaf Skarsgård, de Vikings, fazendo o papel de Merlin, mas aqui ele parece apenas exagerado.
Outro problema da série são os efeitos, fracos para uma produção desse tipo, que pretende rivalizar com GOT. Em certos momentos parece que estamos vendo um episódio de Xena, com a difereça de que Xena não se levava a sério, o que garantia a diversão, ao contrário de Cursed, que, segundo a sinopse, “é uma história sobre amadurecimento, com temas conhecidos de nosso tempo: destruição da natureza, terror religioso, guerras sem sentido e a coragem de assumir a liderança quando tudo parece impossível”.
Entretanto, os episódios vão melhorando aos poucos com o tempo, talvez pelo fato do expectador começar a se acostumar com os personagens. O episódio final também tem, finalmente, uma cena de batalha bem produzida, o que indica que talvez a segunda temporada seja melhor.
Em todo caso, Cursed pode ser divertido se você a considerar apenas como uma série pipoca.
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