quarta-feira, agosto 18, 2021

Mestre do Kung Fu: o amargo sabor da imortalidade

 


Quando se fala em grandes desenhistas dos anos 1980, poucas pessoas se lembram de Gene Day. Entretanto, sua fase pelo título do Mestre do Kung Fu é memorável. Ótimo exemplo disso é a história “O amargo sabor da imortalidade”, publicada no número 100 da revista nos EUA.
A história se passa na década de 1930, quando Sir Nayland-Smith ainda era um jovem agente secreto e, com apoio da filha de Fu Manchu, frusta os planos do vilão no Egito.
A história precisava de uma boa dose de boa vontade para ser aceita: o vilão chinês está preparando seus si fans para se tornarem assassinos frios inspirados em Jack, o estripador. Para isso, por alguma razão, ele precisa de múmias egípcias. Assim, ele rouba sarcófagos e os leva para um templo no deserto para expor as múmias aos seus assassinos.
Com a ajuda de Fah Lo Sue, Nayland entra em um dos sarcófagos. Enquanto isso, dois de seus amigos o seguem.
Como disse, é difícil entender a importância das múmias e dos sarcófagos para os planos do vilão, mas a história é tão bem narrada que nos esquecemos desse pequeno problema de verossimilhança.
Para começar, o texto de Doug Moench é irrepreensível. Quando ele encontra a filha do vilão, o texto diz: “Ao chegar à varanda, quase fui entorpecido pela sensualidade solitária da cena, graças ao odor almiscarado que exalava de cada poro dela. Chamas de velas, balançando gentilmente na brisa quente, criavam reflexos dourados a partir das profundesas de seus olhos verdes como jade ”.
A belíssima página de abertura foi modificada pela Abril. 

A arte, embora fosse assinada também por Mike Zeck, era puro Gene Day, a começar pela belíssima ilustração de abertura, com Fu Manchu rodeado por sarcófagos e uma moldura com imagens que remetiam ao Egito. O jogo de luz e sombra dava um ar vintage e noir, totalmente adequado à trama.
Essa história foi publicada no Brasil em Grandes Heróis Marvel 6 e coleção histórico Marvel mestre do kung fug 12. Uma curiosidade é que na versão da Abril, o editor eliminou o título da moldura e foi colocado no seu lugar um desenho que definitivamente não combinava com a moldura egípcia.

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