No número 135 The Uncanny X-men, a Fênix Negra era mostrada
destruindo um Sistema estelar inteiro, como consequência matando bilhões de
pessoas. No número 137, John Byrne e Chris Claremont (aparentemente a ideia era
de Byrne) pretendiam fechar a saga com Jean Grey perdendo os poderes e se
tornando uma pessoa normal.
Jim Shooter viu o que ia ser publicado e ficou indignado. A
personagem tinha matado bilhões de pessoas e no final, tudo que acontecia era
perder seus poderes. Ele exigia algum tipo de punição. Claremont e Byrne
concordaram que o melhor a fazer seria matá-la.
O resultado foi uma das histórias mais célebres dos X-men de
todos os tempos e um verdadeiro evento. A Marvel já tinha mostrado personagens
importantes morrendo, como a namorada do Homem-aranha, Gwen Stacy. Mas matar
uma heroína, e no auge da popularidade? Era algo totalmente inédito.
A morte da personagem é um dos momentos mais dramáticos dos quadrinhos. |
O interessante do encadernado da Panini com a saga é que
possível comparar a versão que foi impressa com aquela que tinha sido produzida
anteriormente. E o resultado da primeira versão era pífio, muito abaixo de todo
o restante da saga da Fênix. Técnicos do império Shiar fazem uma espécie de
operação em Jean Grey, tirando dela todo o seu poder, sob protetos de Wolverine
e de Cíclope, como se ela estivesse passando por uma grande punição. Era um
final totalmente artificial e forçado, considerando-se que todos ali sabiam que
ela tinha matado bilhões de pessoas.
Já, ao contrário, o final que foi publicado, tem uma carga
dramática impressionante. O império Shiar leva os X-men para a Lua, onde eles são
derrotados pela Guarda imperial de Shiar. O trauma de ver Scott tombando faz
com que Jean se transforme novamente na Fênix. Para o professor Xavier, a única
solução é que os X-men a matem. Mas no final é ela que comete suicídio ao
perceber que não poderá controlar a entidade e não poderá se perdoar caso
provoque novas mortes. A cena em que ela se suicida, jurando amor ao Cíclope é
uma das mais marcantes dos quadrinhos.
Na versão defendida por Byrne, bastava tirar a Fênix de Jean Grey. |
Dessa vez, Jim Shooter tinha toda razão.
PS1 : A saga da Fênix foi um final épico e surpreendente
para o que na verdade era uma tentativa de resolver um problema de roteiro. A Fênix
se tornara poderosa demais para os X-men, a ponto de torna-los inúteis. De que
adiatavam as habilidades acrobáticas de Noturno diante de alguém que podia
simplesmente moldar a realidade? O tempo todo Claremont tinha que inventar uma
desculpa para que a personagem não pudesse usar totalmente seus poderes. Finalmente,
resolveram tirá-la da equipe... e, no processo, criaram uma saga inesquecível.
PS2: Um texto ao final do volume da Panini apresenta uma
conversa entre os principais envolvidos na saga da Fênix. Nesse texto é possível
perceber que Chris Claremont tinha uma visão muito mais aprofundada da história.
Para John Byrne, apenas ocorrera uma espécie de possessão, com Jean Grey sendo
dominada por algo totalmente exterior, que a controlava. Na visão de Byrne,
bastava tirar essa entidade e Jean poderia voltar à normalidade como a garota
feliz que era (ou seja, o final que não foi impresso era a ideia de Byrne). Para
Claremont, a Fênix apenas despertou o lado sombrio da heroína, o que gerou todo
o drama da história e elevou a saga da Fênix a um nível poucas vezes alcançado
nos quadrinhos de super-heróis.
Sem comentários:
Enviar um comentário