O início dos anos 80 parecia uma época de experimentações. A censura estava para cair, os militares estavam saindo do poder de fininho e havia um sopro de liberdade e transgressão no ar. O seriado que melhor sintetizou esse momento foi Armação Ilimitada, exibido pela TV Globo.
O programa
surgiu por iniciativa de Kadu Moliterno e André De Biase, que tinha trabalhado
juntos na novela Partido Alto. Os dois se tornaram amigos, pegavam onda juntos
e queriam um programa que fosse a cara da juventude da época. O diretor Daniel Filho
topou produzir a série e chamou para dirigir o novato Guel Arraes. Arraes criou
a estética da série, com uma linguagem ágil, muita música, e uma mistura de vídeo-clipe
com quadrinhos. Além disso, era comum que os atores quebrassem a quarta parede,
conversando com o público, o diretor ou a produção.
Armação
Ilimitada inovava também ao apresentar um triângulo amoroso composto por Juba
(Kadu Moliterno), Lula (André de Biase) e pela jornalista Zelda Scott (Andréa
Beltrão). Zelda, inclusive protagonizava alguns dos melhores momentos da série.
Quando se referia ao chefe, suas palavras eram mostradas ao pé da letra. Se ela
dizia que ele estava uma pilha, ele aprecia fantasiado de pilha. Se dizia que
ele era um porco, ele aparecia com uma cabeça de suíno.
Exibida de
1985 a 1988, a série fez muito sucesso, abrindo caminho para que Guel Arraes se
tornasse um dos principais diretores da Globo – e revolucionasse o humor do
canal com o TV Pirata.
Uma
curiosidade é que os personagens ganharam até mesmo uma história em quadrinhos.
Dois álbuns com roteiro de Regis Rocha Moreira e desenhos de Hector Gómez
Alisio foram publicados pela editora Nova Fronteira.
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