A partir do momento em que
assumiu o título do Monstro do Pântano, Alan Moore o transformou num dos mais
revolucionários do mercado dos comics. Inclusive sua reformulação do
personagem, mostrando-o como uma planta e não como um ser humano.
Mas o ponto de virada que
mostrou que o título estava anos luz a frente de outros do mercado foi a saga
do Fuça radioativa, publicada nos número 35 e 36.
Moore construiu a trama em
torno dos perigos do lixo nuclear – e a pesquisa feita por ele aparece na história
na forma de recortes de jornais sobre o assunto, que surgem das mais variadas
formas na HQ.
Um mendigo que bebe resíduos radioativos é o vilão da história.
A história mostra um
mendigo, o tal Fuça Radioativa, que se refugiava nas cavernas de carvão
desativadas da Pensilvania. Quando o local passa a ser usado para guardar lixo
nuclear, ele começa a abrir os tonéis para beber o líquido e sobrevive, mas
torna-se uma ameaça involuntária.
A história começa com ele
conversando com um homem que foi expulso da pensão onde morava. Ele lhe oferece
a bebida. O resultado, claro, é a morte do homem. No final da história, ele
encontra com o Monstro do Pântano e, acreditando que ainda fala com o antigo
companheiro, não só toca nele (o que provoca uma ferida radioativa na vegetação
que compõe o corpo do herói), como ainda o faz beber o líquido. Isso fará com
que o personagem morra.
A morte do personagem provocou grandes mudanças no título.
Essa primeira parte já
valeria a pena por si só, mas o grande destaque vai para a segunda parte.
Numa narrativa que Moore
diz ter emprestado de Gabriel Garcia Marques, Moore mostra os mesmos fatos do
ponto de vista dos diversos personagens envolvidos na história: o xerife, a
dona da pensão, o garoto que viu o monstro radioativo e o apelidou de fuça
radioativa.
A história é narrada por diversos personagens, como um quebra-cabeça que deve ser montado pelo leitor.
Mas a parte central são as
narrações de Wallace Monroe, funcionário da empresa nuclear, e Theasure, sua
esposa grávida. A versão de Wallace o mostra encucado com a possibilidade dos
acontecimentos da Pensivania se repetirem na Flórida. Ele sai para tentar
esquecer o assunto, penetra no pântano, se perde ali, volta para o hotel e
descobre que a esposa desapareceu. Quando finalmente a encontra, foge dela (“Não
suporto mais encarar o seu olhar. Dou meia volta e começo a corerr... já
sabendo que não devo parar nunca”). Só iremos entender a razão desse
comportamento quando lemos a versão da esposa.
A história, assim, é
configurada como quebra-cabeças cujas peças precisamos juntar para entender o
conjunto.
Não bastasse esse aspecto
revolucionário da forma, a história também marcaria uma mudança definitiva nos
rumos e até nos poderes do personagem.
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