A mola mestra da série
Perry Rhodan é o encontro com os arcônidas Crest e Thora na Lua e como isso
mudou a história da humanidade.
Com a ajuda a tecnologia
arcônida, Rhodan implementa a Terceira Potência, conquista a base de Vênus,
viaja para Andrômeda e desvenda o segredo da vida eterna. O acordo com os
arcônidas era que estes não voltassem para sua terra natal enquanto não fossem
desvendadas as charadas do imortal. Com o fim da saga – e a opção do mesmo de
dar essa dádiva apenas aos terranos, não existe mais nenhuma razão para que
Thora e Crest não voltem para Arcon. Mas Rhodan acha que ainda não é o momento
para que a localização da Terra seja desvendada, o que leva Thora a agir por
conta própria, indo para vênus, onde pretende enviar um pedido de ajuda.
Mas em sua fuga, Thora
acaba se apropriando de uma nave que não tem um código para entrar na base e é
abatida pela mesma. E Perry Rhodan, que vai atrás dela, comete o mesmo erro.
Ficão então os dois e seus companheiros perdidos no mundo primitivo à mercê de
todos os seus perigos.
Esse é o plot de A fuga de
Thora, volume 22 da série. O livro é escrito por Clark Darlton, cuja prosa
deliciosa sempre garante uma boa leitura e que nos brinda com sequências como:
“Até mesmo as superfícies pantanosas, de brilho tão traiçoeiro, se apresentavam
agora como a palheta furta-cor de um pintor divino que, invisível, zelava pela
sua obra em constante modificação”. Um nível de prosa muito acima do que se
poderia esperar de um livro de bolso.
Mas Darlton também tinha
uma predileção para a comédia e para a crítica de costumes e mesmo numa trama
tão fechada na aventura encontra margem para desenvolvê-las. À certa altura,
por exemplo, os protagonistas se deparam com os grupos de sobreviventes do
Bloco Oriental (que haviam tentado invadir Vênus num dos volumes anteriores). Um
desses grupos é formado por pacifistas absolutos: “E agora estava empenhados em
impingir esse pacifismo aos rebeldes; se preciso com o emprego de violência”. A
sequência é nitidamente uma crítica ao discurso da guerra para acabar com as
guerras, usado tanto na primeira quanto na segunda guerra mundiais.
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