O número 3 da revista do Transformers lançado pela editora RGE se tornou célebre por uma razão que tem pouco a ver com a qualidade da história: essa foi a primeira vez que apareceu o uniforme preto do Homem-aranha em terras tupiniquins.
Não sei se foi apenas uma coincidência,
ou realmente a RGE quis furar a Abril, mas a revista em questão foi publicada
em janeiro de 1986, e Guerras Secretas, a série na qual o Aranha ganha seu novo
uniforme, só começaria a ser publicado em agosto daquele ano. Talvez tenha sido um simples acaso, já que em nenhum momento da edição há qualquer destaque para essa mudança de uniforme. Provavelmente quem cuidava da edição nem mesmo sabia que essa era a primeira aparição do novo uniforme no Brasil.
A primeira aparição do novo uniforme no Brasil não ganhou nenhum destaque ou explicação.
Seja um caso ou outro, a
revista chamou atenção nas bancas. Eu mesmo, que nunca tinha comprado um título
dos robôs, aventurei-me a adquirir esse exemplar, que se perdeu em uma das
muitas mudanças.
Recentemente eu consegui
um fac símile e pude finalmente ler o gibi.
A história começa com o
mecânico Bob Centelha sendo levado pelos malignus para o quartel general do
grupo. Eles querem que ele crie uma fórmula capaz de transformar petróleo no
combustível que eles usam. Claro que os robôs Optimus irão tentar salvá-lo e
contarão com a ajuda do Homem-aranha, que aparece por ali como Peter Parker.
A teia é forte o suficiente para aguentar um transformer?
Os desenhos são de Frank Springer, que é competente, nada além disso. O verdadeiro problema está no roteiro de Jim Salicrup. Não há preocupação de caracterizar os personagens ou mesmo criar um clima para a história. E as situações na maioria das vezes são forçadas.
Pelo jeito é muito fácil enganar os militares norte-americanos. |
À certa altura, por exemplo, os heróis precisam passar pelos militares, que sitiaram a fortaleza dos Malignus. O que o aranha faz? Pega o capacete de um dos soldados, entra em um dos carros dos optimus e diz: “Sargento! O tenente me deu ordens para voltar à frente de batalha!”, ao que o outro retruca: “Certo, prossiga”. Aparentemente o roteirista achou que o fato do personagem estar com uniforme de super-herói não iria interferir em nada – bastava colocar um capacete para conseguir enganar os militres. Para piorar, nenhum dos carros que passa pelo bloqueio tem qualquer característica de carro militar! Como sempre pode ficar pior, a história termina bruscamente, sem um final de fato. Relendo, percebo que a única razão para esse gibi ter chamado atenção foi mesmo a capa com o novo uniforme do Aranha.
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